Para chegar a mais uma decisão de Copa do Brasil, o Grêmio contará com a precisão dos passes do volante Maicon. O capitão do time gaúcho moldou seu estilo de jogo quando foi defender o MSV Duisburg, que disputava a primeira divisão do Campeonato Alemão.
Nas mãos do treinador Rudi Bommer, que enxergou o potencial do garoto com 22 anos, ele mudou sua posição dentro dos gramados.
"Recebia muitos elogios dos técnicos por isso. Sempre treinei muito. Até 2007 jogava como meia, fazia a função de camisa 10. Quando fui jogar na Alemanha, nos meus primeiros treinos, o técnico viu essa qualidade e quis me recuar para jogar como volante, fazendo a saída de bola. Eles dão muita importância para isso", contou o jogador ao ESPN.com.br.
Revelado nas categorias de base do Madureira e com passagens por Fluminense e Botafogo, o meia defendeu o Duisburg ao lado do zagueiros Fernando e Roque Júnior , além do atacante Aílton, que foi artilheiro da Bundesliga pelo Werder Bremen.
Nas duas temporadas em que permaneceu no time germânico, Maicon aprimorou o fundamento. Ele é o jogador com a maior média de passes nesta edição do Campeonato Brasileiro, são 60,7 por partida e precisão de 92,1%. Em 20 jogos, foram nada menos do que 1.214 passes corretos.
"Deu certo e estou atuando nessa posição até hoje. Treino muito para evoluir sempre. A passagem no futebol alemão foi fundamental pra minha carreira".
Maicon sentiu um problema no tornozelo ainda no primeiro tempo na vitória por 2 a 0 contra o Cruzeiro no Mineirão, na última quarta-feira. Mesmo assim, ele está confirmado na partida de volta na Arena do Grêmio pela semifinal da Copa do Brasil.
Veja a entrevista com Maicon na íntegra:
ESPN - O Grêmio não ganha um título nacional desde 2001. Isso é uma pressão a mais para os jogadores? De que forma isso afeta vocês, torcida cobra mais?
Maicon - O Grêmio é um time gigante, então pressão sempre vai existir. É natural. O Grêmio tem sempre que conquistar títulos. Mas essa pressão só nos motiva e nos dá ainda mais força para que possamos acabar com esse jejum e dar alegrias ao nosso torcedor. Quero ficar marcado na história do clube. E isso acontece quando você conquista títulos. É sempre o objetivo.
ESPN - A Copa do Brasil é prioridade para vocês? Renato chegou a poupar titulares no Brasileiro.
Maicon - Não temos uma prioridade. Estamos muito focados e concentrados nas duas competições. Mas na Copa do Brasil dependemos apenas de nós para conquistarmos o título. Temos um grupo qualificado para jogar as duas competições em alto nível. Não vamos abrir mão do Brasileiro, até porque estamos brigando pela Libertadores. Por ser um momento decisivo e que temos chances reais de sermos campeões, a Copa do Brasil tem uma importância muito grande para nós nesse momento.
ESPN - O Roger parecia ser um treinador que era muito querido pelo grupo, mas com a chegada do Renato vocês deram uma arrancada. O que mudou com essa troca?
Maicon - O grupo todo gostava muito do Roger. Não queríamos que ele saísse. O trabalho dele é ótimo. Mas foi a decisão que ele tomou junto com a diretoria e temos que respeitar, seguir trabalhando. Chegou o Renato, que tem uma história muito bonita no Grêmio e nos passou muita confiança. Ele conhece muito bem o clube. Voltamos a vencer e estamos na briga em duas competições. Uma por título, que é a Copa do Brasil, e a outra por vaga na Libertadores, que é o Brasileiro.
ESPN - Quais as principais diferenças entre o Renato e o Roger? Tanto como técnico no trabalho dentro de campo como em personalidade?
Maicon - Cada treinador tem a sua maneira de trabalhar, seu jeito de pensar. Em comum, os dois têm a história bonita e o conhecimento no clube. São dois ótimos treinadores, cada um com sua personalidade, mas com o mesmo pensamento: tirar o melhor de cada jogador.
ESPN - Como é para você ser muitas vezes o capitão do Grêmio? Você se sente uma liderança do grupo?
Maicon - Eu me sinto um cara privilegiado. Não é qualquer um que veste a camisa do Grêmio, um clube campeão mundial. Em pouco tempo no clube, me tornei o capitão, me identifiquei e me adaptei muito rápido aqui. Mas apesar da faixa, não sou o único líder do time, pelo contrário, temos muitos jogadores com esse perfil. Procuro ajudar passando um pouco da minha experiência, do que eu vivi. O mais importante é que não tem vaidade e todos tem o mesmo objetivo: conquistar títulos.
ESPN - Você é um dos líderes no quesito passe na equipe do Grêmio. É sua principal qualidade, é algo que você treina muito?
Maicon - Desde garoto o passe sempre foi o meu principal fundamento. Recebia muitos elogios dos técnicos por isso. Sempre treinei muito. Até 2007 jogava como meia, fazia a função de camisa 10. Quando fui jogar na Alemanha, no MSV Duisburg, time da primeira divisão na época, nos meus primeiros treinos, o técnico viu essa qualidade e quis me recuar para jogar como volante, fazendo a saída de bola. O futebol alemão é muito disputado, então os detalhes fazem diferença. Eles dão muita importância para a saída de bola. Deu certo e estou atuando nessa posição até hoje. Cada jogador tem sua função dentro de campo. E a minha é marcar e passar bem para facilitar o trabalho dos meus companheiros. Treino muito para evoluir sempre. A passagem no futebol alemão foi fundamental pra minha carreira.
ESPN - O que falta pra você cair nas graças da torcida? Em algumas partidas ela te cobrou mais e foi contestado até em alguns momentos...
Maicon - Sem dúvidas falta ser campeão. Assim, eu e meus companheiros vamos ficar marcados na história do clube e nas graças da torcida. A cobrança é normal. O torcedor cobra de quem ele vê potencial. E eu procuro sempre fazer meu melhor. Por ser capitão, a cobrança é ainda maior. Mas estamos na briga por um título, e vamos fazer de tudo pra dar essa alegria ao nosso torcedor. Vamos lutar muito por esse título.