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'Fundo Abutre' ajuda Milan

Ago 17, 2017

Por ESPN                                                                                                        

 

O Milan entra em campo nesta quinta-feira contra o Skhendija, da Macedônia, por um lugar na fase de grupos da Liga Europa – com transmissão ao vivo da ESPN Brasil e do WatchESPN, a partir de 15h30 (de Brasília). Mais do que a vaga, porém, o confronto é outro passo na caminhada do clube para tentar retomar o protagonismo no cenário europeu. Um projeto que também passa por seus novos donos.
Desde o último mês de abril, a equipe italiana pertence a um grupo de investidores chineses, liderados por Li Yonghong. Um proprietário que, embora faça a torcida sonhar, também levanta questionamentos em relação à origem de seu dinheiro. Em meio às dúvidas, está o Elliott Management, um chamado “fundo abutre” – o mesmo, aliás, por trás de uma das maiores crises recentes na Argentina.

A entrada do conglomerado norte-americano no negócio aconteceu em meio a um imbróglio que se arrastava desde agosto de 2016, quando Silvio Berlusconi, no controle do Milan desde 1986, acertou a venda do clube para o grupo Sino-Europe Sports, em um acordo de 740 milhões de euros.

O problema se deu por que o conglomerado, com sede em Hong Kong, teve dificuldades para honrar os compromissos financeiros assumidos com o Milan. Li Yonghong, então, usou outra empresa, a Rossoneri Sports Investment, de Luxemburgo, para concluir a compra. Graças, porém, ao Elliott Management.

A empresa aportou 253 milhões de euros no negócio, sendo € 180 milhões para a transação em si e € 73 milhões como um empréstimo direto ao Milan, para cobrir dívidas e investimentos. Cifras até modestas para um conglomerado que gerencia mais de 32 bilhões de dólares, segundo a mídia norte-americana.

O Elliott foi fundado em 1977, pelo norte-americano Paul Singer, com capital de apenas 1,3 milhão de dólares. O crescimento avassalador faz com que o fundador, hoje, esteja entre os homens mais ricos do mundo, segundo a revista “Forbes”, com fortuna estimada em US$ 2,9 bilhões (R$ 9,1 bilhões).

O fundo é conhecido como “abutre” pela atuação com investimentos em papéis de empresas e de governos em crise, que são considerados “lixo” no mercado financeiro. Grupos do tamanho do Elliott, contudo, têm força suficiente nos bastidores para conseguir lucrar com isso, ainda assim.

Foi o que aconteceu na Argentina, depois de mais de uma década de conflitos na Justiça. Em 2008, o fundo comprou títulos de investidores que se recusaram a aceitar a proposta de renegociação da dívida do país sul-americano em 2005. Os papéis tinham valor de face de 428 milhões de dólares, mas foram adquiridos por cerca de 30 e 40 centavos de dólar para cada US$ 1 do valor nominal, segundo o governo argentino.

O Elliott, contudo, conseguiu levar a melhor em um processo que se arrastou por anos na Justiça dos Estados Unidos e recebeu sentença favorável para cobrar quase US$ 2 bilhões da Argentina, que acabou obrigada a sentar e negociar com o "fundo abutre" - assim como teve que fazer com outros grupos do mesmo segmento, que ameaçavam quebrar, mais uma vez, o país vizinho, em uma dívida total de mais de US$ 9 bilhões.

Voltando ao futebol, o empréstimo do Elliott aos novos donos do Milan, segundo o jornal "Gazzetta dello Sport", também tem possibilidade de ganho generosa. Os chineses têm 18 meses para devolver os 253 milhões de euros, com juros de 11,5% sobre os € 180 milhões usados para a compra do clube, de acordo com a publicação italiana.

A sombra do "fundo abutre", contudo, não parece preocupar Li Yonghong, ao menos considerando os gastos do Milan nesta janela de transferências. Já foram mais de 200 milhões de euros (cerca de R$ 775 milhões) investidos apenas em contratações.

Parece claro que a promessa ambiciosa dos novos donos de "passo a passo reconduzir o Milan ao topo do mundo" passa pelo dinheiro. Para onde levará o segundo maior campeão do futebol europeu, só o tempo irá dizer. Mas é certo que os "abutres" estarão de olho.

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