Um dia após a prisão de Carlos Arthur Nuzman, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu suspender provisoriamente o dirigente e também o Comitê Olímpico Brasileiro (COI) após o escândalo da compra de votos na eleição que colocou o Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016.
Com "efeito imediato", o COI "suspende o senhor Carlos Nuzman provisoriamente de todos os direitos, prerrogativas e funções derivadas de sua qualidade como um membro honorário do COI; e retira o senhor Carlos Nuzman da comissão coordenadora para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020".
Sobre o comitê brasileiro, o comitê executivo da entidade que rege o esporte olímpico mundial o "suspendeu provisoriamente" e de acordo com a regra 59 da Carta Olímpica o COB terá "congelados" os "subsídios e pagamentos" e não "está permitido exercer seus direitos" como associação nacional.
"Para proteger os interesses dos atletas brasileiros, essa decisão não vai afetar os atletas brasileiros", disse o COI.
A Comissão de Ética do comitê internacional afirmou em comunicado que "tomou nota das alegações contra o senhor Carlos Nuzman, em particular com relação à votação para cidade-sede dos Jogos Olímpicos na sessão de COI em 2009, e sua prisão em 5 de outubro de 2017 por agentes brasileiros no âmbito de uma investigação criminal".
"Considerando o atual status do caso, a Comissão de Ética do COI considera não estar em posição para fazer uma recomendação sobre o valor das acusações. No entanto, a comissão decide que a investigação deve continuar nos temos de sua Regra de Procedimento".
"É apontado que uma das missões da comissão de ética é analisar as acusações feitas contra membros do COI sob a vista do Código de Ética do COI. Levando isso em conta, não apenas os fatos, mas suas consequências sobre a reputação do COI estão levadas em conta", aponta a comissão presidida por Ban Ki-moon, ex-secretário geral das Nações Unidas (ONU).
Com isso, a recomendação da comissão de ética foi feita "considerando a gravidade e a urgência da situação e seu impacto sobre a reputação do COI".
Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB e do Comitê Rio 2016, é acusado de ser o intermediário do pagamento de subornos a membros africanos do Comitê Olímpico Internacional na eleição de 2009 que colocou o Rio como sede dos Jogos de 2016. O responsável por transferir US$ 2 milhões a Papa Diack foi o empresário Arthur Soares, o "Rei Arthur", operador do ex-governador Sergio Cabral.
Além disso, Nuzman é acusado de ter aumentado seu patrimônio em 457% em um período de dez anos (2006-2016).
Além do dirigente de 75 anos, foi preso na última quinta-feira seu braço-direito, Leonardo Gryner, ex-diretor do Comitê Olímpico Brasileiro.