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Ele vendia sacolé; hoje vale R$ 180 milhões

Jul 17, 2018

Por ESPN                                                                                             

 

Tiquinho Soares é um exemplo de superação. O atacante, que hoje em dia brilha no Porto e é até mesmo comparado com Hulk, que fez história pelo clube, teve vários motivos para desistir do futebol. Mas ele insistiu e agora, aos 27 anos, é cotado em alguns dos grandes clubes da Europa e vê seu nome ser cogitado até mesmo na seleção brasileira.

Nascido de uma família humilde na Paraíba, Francisco, apelidado por sua mãe de Tiquinho "por ser bem pequenininho", teve uma infância complicada, tendo que conciliar as brincadeiras e estudo com o trabalho para ajudar no sustento em casa. Isso quando não acontecia algum imprevisto.

"Já trabalhei de muitas coisas, como servente de pedreiro, churrasqueiro, e vendia sacolé também, lá no sertão da Paraíba. Teve um dia que eu fui vender sacolé no jogo lá no terrão da minha cidade e o pessoal acabou com todos os meus produtos. O problema é que ninguém me pagou e eu voltei para casa sem dinheiro", lembrou ele, em entrevista à ESPN.

Enquanto isso, Tiquinho Soares, como faz questão de ser chamado, ia tentando iniciar uma carreira no futebol, o que não foi nada fácil. "Eu comecei a jogar em Sousa, na Paraíba, na escolinha de um amigo meu, e de lá eu dei meus primeiros passos. Depois eu fui para Natal jogar no terrão e em times de bairro. Eu rodei em times de vários amigos, até que surgiu a oportunidade de eu jogar meu primeiro estadual de base, pelo Palmeiras das Rocas, quando fui o artilheiro do Sub-17, com 20 gols, aí o América-RN me contratou".

No tradicional clube de Natal, ele se tornou profissional, mas pouco teve oportunidades, o que fez com que ele rodasse por inúmeras equipes de menor expressão procurando uma chance de jogar.

Entre 2012 e 2014, o atacante atuou por nove clubes diferentes, como o Caicó e Pelotas e só conseguiu uma sequência de jogos quando foi emprestado pelo CSP, da Paraíba, para o Nacional, de Portugal. "A oportunidade em Portugal surgiu quando eu joguei o Gauchão pelo Veranópolis. O Nacional me procurou e eu aceitei. A maior dificuldade em relação ao futebol de lá foi em relação ao ritmo de jogo, que é muito mais intenso que no Brasil", explicou.

Na temporada 2015/2016, ele foi um dos artilheiros do Campeonato Português, com 14 gols e chamou atenção do Vitória de Guimarães, que o contratou. Na nova equipe, manteve o bom nível e apenas um ano depois, foi negociado com o Porto, um dos maiores clubes do país.

"Jogar no Porto é ter vontade, raça e determinação. É um clube que exige muito isso de todos os jogadores. Como os torcedores lá falam, nós só podemos abaixar a cabeça para beijar o símbolo. Meu primeiro objetivo já foi conquistado, que era conquistar um título pelo Porto e estou muito feliz com isso", lembrou o camisa 29, uma das peças-chave na conquista do Campeonato Português 2017/2018.

"Foi um título muito importante, não só para a torcida, mas para o clube também. Individualmente falando foi uma coisa muito grande, por ter sido meu primeiro título fora do Brasil e isso vai ficar marcado na minha história e na história da minha família", comemorou, lembrando que a conquista fez o Porto interromper uma sequência de títulos do maior rival, o Benfica, tetracampeão entre 2014 e 2017.

Com 1,87m e muita força, Tiquinho se destaca, além dos gols, por fazer muito bem a função de pivô, colocando seus companheiros em condições de marcar. O desempenho o fez ser comparado com o brasileiro Hulk, ídolo do clube e que fazia companhia para Falcao Garcia no ataque da equipe há alguns anos. E o jogador de 27 anos gosta tanto desse tipo de comparação, que até mesmo mantém contato com o ex-atacante da seleção brasileira. "Ele já passou uns dias lá na minha casa em Portugal e me ajudou muito. Sempre que dá a gente se fala e põe o papo em dia".


E se está brilhando em Portugal, é normal que recebesse sondagens de outros clubes, principalmente ingleses, para a próxima temporada. Porém, tirá-lo do Porto não deve ser uma missão das mais fáceis. Isso porque ele tem uma multa rescisória de 40 milhões de euros, mais de R$ 180 milhões e o clube português é famoso por "jogar duro" na hora de vender seus atletas.

A seleção, apesar de ser um sonho para Tiquinho, pode estar mais perto do que ele imagina. Isso porque o técnico Tite confessou que observou o jogador antes da Copa do Mundo e, visto o mal desempenho dos jogadores de sua posição no Mundial, pode ser que faça com que ele ganhe uma oportunidade.

"Surgiu essa especulação que eu fui observado, e eu fico feliz em ter sido lembrado. Todo jogador sonha em defender a Seleção e quem sabe um dia eu possa alcançar isso. Me sentirei muito honrado", finalizou.

 

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