Após decepcionar na estreia, quando empatou em casa com o Slavia Praga, o líder do Campeonato Italiano precisa de um bom resultado no Camp Nou para seguir na luta pela vaga.
E, para conseguir silenciar a torcida do Barça, a Inter conta com a experiência do técnico Antonio Conte, que vem tendo um ótimo início de trabalho em Milão.
Até o momento, o ex-comandante da seleção italiana soma sete jogos, seis vitórias e um empate pelos nerazzurri, um aproveitamento de 85,7%.
E, assim como foi em seus times anteriores, como Juventus e Chelsea, ele continua com seu estilo efusivo e completamente maluco à beira do gramado.
Antonio Conte e Lukaku comemoram gol da Inter de Milão sobre o Milan Getty Images
Quem já conviveu com Conte revela que, nos bastidores, o treinador é ainda mais explosivo do que demonstra ser em campo, o que cria algumas situações peculiares.
É o caso do atacante brasileiro Rafael Bondi, com longa carreira no futebol italiano, que foi comandado pelo mister entre 2006 e 2007, quando ambos trabalharam juntos no pequeno Arezzo.
"Foi a primeira experiência dele como treinador, depois que ele se aposentou como jogador da Juventus. Desde sempre, o Conte é um cara que tem uma energia fora do comum. Tem tanta vontade que parecia que ia explodir a qualquer momento. Era um negócio de louco", lembra Bondi, em entrevista à ESPN.
O brasileiro, que tem 38 anos e atualmente está sem clube, conta que, de início, o treinador passou algumas dificuldades para gerenciar o elenco, devido ao seu estilo enérgico.
No entanto, um período de estudo ao lado do técnico Zdenek Zeman, um dos mais célebres nomes da história do futebol italiano, lhe transformaram internamente.
"No começo, ele teve um pouco de dificuldade, principalmente na questão de gestão do grupo, mas depois de um tempo se transformou. Ele passou um período afastado e foi estudar o Zeman, que é um treinador muito cultuado aqui. Quando ele voltou disso, era outra pessoa", rememorou.
"Quando ele voltou desse período de estágio, retornou muito mais ofensivo, montando um esquema 4-2-4. Conseguimos uma série de 12 vitórias seguidas na Série B jogando assim. Depois, ele foi para o Bari e ganhou a Série B em 2008/09 usando esse mesmo 4-2-4", relatou.
Só que, mesmo tendo adotado um estilo mais zen, Conte seguia tendo seus momentos de explosão.
"Lembro bem de uma vez que disputamos um amistoso contra a Fiorentina. Eles estavam na Serie A e nós na B, então a gente era a zebra. Saímos na frente e quase seguramos a vitória, mas eles empataram no finalzinho. Ele quase matou a gente no vestiário (risos). A mentalidade vencedora dele é algo incrível", brincou.
"Lembro que ele fazia uma hora de natação por dia, pelo menos, para descarregar o estresse. Caso contrário, explodia (risos)", gargalhou.
Ao longo dos anos, Conte também sempre buscou influências em outros grandes managers do futebol italiano, ampliando seu leque de conhecimento.
Sua personalidade forte, porém, seguiu pelo resto da carreira.
"Certas coisas não mudam. Na parte pessoal, ele sempre foi muito comunicador. Fala o jogo inteiro, busca sempre motivar o jogador, e isso não muda até hoje. Mas, através de muito estudo, ele mudou alguns conceitos. Lembro que ele trabalhou com o Marcello Lippi, que faz muitos treinos de fase defensiva. Depois, pegou um zagueiro para ser auxiliar dele. Essas coisas ajudaram muito na evolução dele", contou Bondi.
Antonio Conte comemora gol da Inter de Milão sobre a Sampdoria EFE
O brasileiro, aliás, se lembra até hoje da frase que Conte costumava dizer no vestiário, e que até hoje está no discurso motivacional do treinador.
"O que faz a diferença nele até hoje é aquela mentalidade da Juventus. Ele jogou a vida toda ali, e, para fazer sucesso na Juve, tem que ser um 'monstro' mentalmente, porque a pressão é muito grande", elogiou.
"Ele sempre falava: 'Rapazes, ganhar não é importante... Ganhar é a única coisa que importa'", finalizou.