A criseinterna na CBF que deixou Rogério Caboclo na berlinda pode levar a mais uma mudança drástica na presidência da entidade máxima do futebol nacional. Caso Caboclo seja afastado por causa das acusações de desvio de comportamento, haverá um ritual bem minucioso até a escolha de quem completará seu mandato.
O estatuto da CBF prevê que, caso haja vacância no cargo, o vice mais velho será o responsável para convocar uma eleição no prazo de 30 dias. Porém, somente os atuais vice-presidentes da entidade poderão participar do pleito, que definirá quem cumpre o mandato até abril de 2023.
A missão de convocar novas eleições ficará nas mãos de Antonio Carlos Nunes, de 82 anos. O ex-mandatário da Federação Paraense de Futebol (FPF) é muito próximo a José Maria Marin e Marco Polo Del Nero.
Além de Antonio Carlos Nunes, estariam aptos a concorrer à eleição para o "mandato-tampão" Antônio Aquino (Acre), Castellar Neto (Minas Gerais), Ednaldo Rodrigues (Bahia), Fernando Sarney (Maranhão), Francisco Noveletto (Rio Grande do Sul), Marcus Vicente (Espírito Santo) e Gustavo Feijó (Alagoas). O mais cotado seria Castellar, que já foi presidente da Federação Mineira de Futebol.
Rogério Caboclo pode ser o quarto presidente da CBF a ter sua gestão marcada por questões controversas. Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero são marcados por
Em 12 de março de 2012, Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF após 23 anos, por problemas de saúde. Sua gestão foi marcada tanto por dois títulos mundiais com a Seleção Brasileira e a criação da Copa do Brasil quanto por imbróglios. Teixeira respondeu a duas CPIs (do Futebol e da Nike) e, em 2011, foi acusado por uma TV inglesa de receber comissões da extinta agência de marketing ISL.
Em 2019, Ricardo Teixeira foi banido do futebol pela Fifa. O Comitê de Ética constou que ele recebeu R$ 32,3 milhões em propinas pelos contratos da Libertadores, da Copa América e da Copa do Brasil.
José Maria Marin herdou o posto deixado por Ricardo Teixeira em 12 de março de 2012. O ex-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) tinha 79 anos e era o vice-presidente mais velho. Ele seguiu na entidade até abril de 2015, quando deu espaço a Marco Polo Del Nero.
No poder da CBF a partir de 16 de abril de 2015, Del Nero pouco depois viu a eclosão do "Fifagate", escândalo no qual dirigentes ligados à Fifa foram presos em um hotel em Zurique sob acusação de corrupção e de uma série de crimes. Um dos detidos (e posteriormente condenado) foi José Maria Marin, na época ocupando o cargo de vice e que era acusado de envolver a CBF em contratos ilícito.
Del Nero afirmou, na sede da entidade máxima do futebol nacional, que não renunciaria ao cargo de mandatário. Porém, em meio ao indiciamento de que estava envolvido em corrupção no futebol nacional, o mandatário pediu licença do cargo (evitando sair do país). Marcus Vicente se tornou inicialmente o presidente em exercício.
Após um mês, Del Nero brevemente voltou à presidência da CBF. Porém, se licenciou logo após escolher quem ficaria no seu lugar: Antonio Carlos Nunes.
O Coronel Nunes posteriormente se tornou presidente da entidade máxima do futebol nacional devido ao banimento de Marco Polo Del Nero. Passado o mandato no qual cometeu gafes públicas, Nunes entregou o cargo em 9 de abril de 2019.
Rogério Caboclo assumiu o posto de presidente da CBF. "Afilhado" político de Marco Polo Del Nero, ele prometeu:
- Vivemos um momento decisivo. Se nós queremos ter o melhor futebol do mundo, precisamos acelerar nossas mudanças. Meu orgulho é do tamanho da responsabilidade. Não posso e nem quero esconder o desgaste pelo qual a CBF passou. Vamos enfrentar estas mudanças com determinação. Não vou tolerar desvios de conduta, ou questões duvidosas de governabilidades.