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A história de como o Lyon deu um 'chapéu' no Barcelona e contratou Juninho Pernambucano

Set 17, 2021

Por Francisco De Laurentiis e Vladimir Bianchini, na ESPN                                                                                

Juninho Pernambucano comemora a conquista da Ligue 1 com o Lyon, em 2004 FRED DUFOUR/AFP via Getty Images

Em um passado recente, o Lyon foi o grande protagonista do futebol francês, conquistando sete títulos seguidos da Ligue 1 e fazendo sucesso na Champions League, batendo seguidamente no poderoso Real Madrid dos "galácticos".

O domínio do Lyon foi marcado também pelo auge técnico do ex-meio-campista Juninho Pernambucano, que se tornou o maior ídolo da história da equipe ao marcar 100 gols (muitos deles em lindas cobranças de falta) em 343 partidas, além de vestir a faixa de capitão por muitos anos - hoje, ele é diretor de futebol da agremiação.

A história de como Juninho foi parar na França, porém, é bastante curiosa, já que, na época em que ele deixou o Vasco, o meia era cortejado por alguns dos maiores clubes do mundo, como o Barcelona, enquanto o OL, por sua vez, era um time considerado apenas médio na Ligue 1 e praticamente inexistente no cenário europeu.

Quem revelou os bastidores do acerto do brasileiro com os Gones foi o ex-zagueiro Marcelo Djian, que atuou por quatro temporadas pelo Lyon, entre 1993 e 1997, após se transferir do Corinthians.

Apesar de ter vencido apenas um título da extinta Copa Intertoto na França, Marcelo ganhou enorme moral com os dirigentes lioneses. Tanto é que, quando ele retornou ao Brasil para jogar por Cruzeiro e depois Atlético-MG, ganhou um cargo de confiança para tentar ajudar no crescimento do OL a partir da América do Sul.

"Assim que eu voltei para o Brasil, virei representante do Lyon no continente. Passei a mandar relatórios a cada três meses de jogadores de destaque do Brasil, para que eles analisassem e depois contratassem alguém que interessava para o clube naquele momento", contou Djian, em entrevista ao ESPN.com.br.

Marcelo exerceu o cargo até 2018, e uma de suas primeiras indicações ao OL foi justamente Juninho Pernambucano, que vinha de anos mágicos pelo Vasco, tendo conquistado uma Libertadores, uma Copa Mercosul, dois Campeonatos Brasileiros, um Torneio Rio-São Paulo e um Campeonato Carioca entre 1995 e 2001.

A história de como ele chegou ao Lyon, todavia, tem muitas idas e vindas nos bastidores.

O voo perdido

A saída de Juninho do Vasco remete a um período de transição na legislação esportiva brasileira, depois que, em março de 2000, deixou de existir a figura do passe no futebol nacional após a publicação da Lei Pelé.

Cerca de um ano depois, o craque e sua advogada, a famosa Gislaine Nunes, brigaram na Justiça para conseguir os direitos federativos sobre seu passe. A disputa foi até o TST (Tribunal Superior do Trabalho), em Brasília, e o jogador saiu vencedor na queda de braço após o ministro Francisco Fausto dar sentença favorável ao atleta. Com isso, Juninho ficou livre no mercado em 30 de maio de 2001.

Enquanto a briga judicial de Juninho acontecia, uma outra batalha de travava nos bastidores do mundo da bola.

"O Lyon tinha se classificado para a Copa da Uefa e eu indiquei o Juninho para eles. Nós ficamos sabendo que o Juninho tinha entrado na Justiça para ficar com o passe livre, por causa da Lei Pelé, e era uma oportunidade muito boa. Entrei em contato com os empresários dele na época, Neizinho Quintanilha e Cláudio Guadagno, e iniciamos a conversa", contou Marcelo Djian.

"Foi aí que soubemos que o Rivaldo também estava tentando negociá-lo com o Barcelona. Mas a gente precisava tentar de tudo para levar o Juninho para o Lyon. Eu tinha visto uma atitude dele na final da Copa João Havelange que me impressionou muito. Quando caiu a grade de São Januário, ele foi o único que peitou o Eurico Miranda dizendo que não ia dar volta olímpica enquanto tinha gente ferida no chão. Vi que era um cara de mentalidade muito boa e ponta firme, ideal para ajudar no crescimento do Lyon", lembrou.

Além das boas impressões de Marcelo Djian, o clube francês também se impressionou com as imagens dos golaços espetaculares do meio-campista pelo Vasco.

"Eu mandei uma fita de vídeo para o Bernard Lacombe, que era o diretor do Lyon na época, e ele passou para o conselho do clube. Eles viram o gol de falta do Juninho em cima do River Plate, no Monumental (de Núñez), na semi da Libertadores de 1998, e já se encantaram. Viram que era um meio-campista completo e que fazia muitos gols, principalmente de falta", rememorou.

Só que o Barça não queria perder Juninho Pernambucano de jeito nenhum. Os catalães fizeram uma proposta superior à do Lyon e ficaram confiantes em ter o brasileiro. Parecia que o jogador vestiria a famosa camisa blaugrana para jogar ao lado de nomes como Frank de Boer, Xavi, Kluivert e Rivaldo, entre vários outros craques da equipe culé.

A palavra do atleta acabou mudando os rumos da história.

"A gente acertou com o Juninho dele ir para o Lyon, mas o Rivaldo tinha conseguido fazer o Barcelona avançar. A negociação se arrastava e não saía. O Barça ofereceu até mais para ele no aspecto financeiro, porque não queria perdê-lo. Mas aí entrou a palavra do Juninho. Ele me falou: 'Eu dei minha palavra a você e vou para o Lyon. Os caras podem me oferecer até 200 vezes mais, mas eu mantenho minha palavra. Pode ficar tranquilo, Marcelo", revelou Djian.

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Os dirigentes do Lyon, porém, ainda levariam um susto depois que Juninho não apareceu na França no dia combinado para assinar o contrato, o que fez todos acharem que o Barcelona tinha conseguido atravessar a negociação e fechar com o pernambucano.

"O final da história foi muito engraçado, porque o Juninho perdeu o horário do voo para a França e não chegou no dia combinado. Na hora, eu pensei: 'Ele não vem mais. O Barcelona estava em cima do cara, ele vai preferir jogar lá'. Para falar a verdade, achei que a história de que ele tinha perdido o voo era mais uma desculpa (risos)", brincou.

Mas era verdade: Juninho de fato perdeu o voo por chegar atrasado no aeroporto!

 

 


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"Eu estava jogando no Cruzeiro na época e não pude acompanhá-lo ao aeroporto naquele dia, mas eu tinha uma pessoa que fazia isso por mim. Ele me contou que realmente o Juninho chegou atrasado e saiu correndo atrás do check-in para tentar embarcar, mas não deixaram. No fim das contas, ele só conseguiu comprar uma passagem para a manhã seguinte, quando ele viajou de fato", lembrou.

Antes de ir para a França, aliás, o meio-campista fez questão de tranquilizar Marcelo Djian novamente.

"O Juninho me ligou e falou: 'Marcelo, fica tranquilo que eu vou. Se eu chegar em Lyon e tudo o que foi combinado estiver no papel, sem mudar nada, eu assino com o clube. Não vou para o Barcelona, dei minha palavra para vocês'. Passaram uns dias, o pessoal do Barça ficou pressionando, mas ele não mudou nada. De fato, tudo o que ele falou se cumpriu e o Juninho assinou", exaltou o ex-zagueiro.

Sem Juninho, o Barcelona acabou contratando outros dois meio-campistas brasileiros naquela janela: Geovanni, destaque do Cruzeiro, e Fábio Rochemback, um dos principais nomes do Internacional.

Juninho Pernambucano comemora a conquista da Ligue 1 com o Lyon, em 2004 FRED DUFOUR/AFP via Getty Images

Será que as coisas teriam sido diferentes na história do Barça e do Pernambucano se o clube catalão tivesse conseguido atravessar aquela negociação?

"Se o Juninho tivesse ido para o Barcelona, poderia não ter dado certo a passagem dele por lá, já que o Barça era um gigante adormecido nessa época. Já no Lyon, ele se tornou o cara mais emblemático da história do time. Foi multicampeão, fez 100 gols, inclusive no jogo de despedida dele. É idolatrado pela torcida, tanto é que hoje é diretor do clube", apontou Djian.

 

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