Após coroar seus anos de Barcelona com a conquista da tríplice coroa na última temporada, Xavi decidiu se aventurar no Oriente ao assinar com o Al Sadd por dois anos. Tendo estreado com assistência no último domingo, em goleada que contou com três gols do brasileiro Muriqui, o espanhol admite que quer ser só mais um no elenco e que volta para casa bravo quando erra muitos passes.
"É o que mais me irrita (os erros de passe), junto com as derrotas. Volto chateado para casa quando erro os passes. Nos jogos, quero ganhar, mas sempre jogando bem. Não me interessa vencer de qualquer forma. Está tudo muito bem, notei muito respeito, principalmente por parte do treinador. Venho para ser mais um, não me seduz ter privilégios. O nível técnico é competitivo e notavelmente alto", disse Xavi em entrevista ao Marca.
Garantindo que, em termos de organização, os árabes são bem mais "caribenhos", tranquilos e desencanados, em relação aos europeus, sempre metódicos, Xavi admite que a diferença com relação ao calendário e o número menor de jogos o possibilita a acompanhar o futebol de outra forma para aprender ainda mais sobre as equipes dos Emirados Árabes.
"Vejo muito futebol desses países do Golfo. Estou aprendendo. Vejo todas as ligas, coisa que sempre fiz. O que me surpreende no Catar é que eles são muito fanáticos por futebol, mas não vão ao estádio. Na Espanha, todos sabem que há mais (Real) Madrid e Barcelona. Aqui é bem dividido", disse o camisa 6, que jogou para 2.253 pessoa em sua estreia, em face das quase 80 mil que o assistiram na final da Uefa Champions League.
Além de servir como uma espécie de "embaixador" para o futebol árabe, Xavi veio aos Emirados com planos de iniciar a carreira de treinador. Após os dois anos de contrato com o Al Sadd como jogador, é possível que assuma o comando das categorias de base da equipe. "Vivendo o puro futebol", o espanhol vem se inteirando do processo de formação dos atletas cataris nas categorias sub-17 e sub-19.
"Ser treinador é difícil. É preciso pensar por 25 jogadores, ser um pouco psicólogo e motivador. Por isso estou me preparando no Catar. Como técnico, é preciso planificar muito. Mas ainda sim fico seduzido. Sei que vão exigir muito de mim e devo me preparar. Talvez eu servirei mais como diretor esportivo, ainda não sei. Não me vejo pronto, pelo menos por agora", admitiu.