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Especialista exalta perspicácia de Textor ao traçar planos para investir no Botafogo

Jan 11, 2022

Por Vinicius Faustini, no Lancenet                                                                                                               

Botafogo pode deixar seu futebol nas mãos de John Textor (Foto: Vítor Silva/Botafogo

Os primeiros planos que o investidor John Textor traçou para o Botafogo adotar o modelo da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) foram destacados por quem vê o futebol do ponto de vista econômico. Especialista em Banking de Gestão & Finanças do Esporte, Cesar Grafietti exaltou ao LANCE! a forma como o americano avalia os próximos passos do Alvinegro.

- É uma visão sensata e ponderada. Ele parece ter entendido a dinâmica do futebol brasileiro, suas forças e especialmente as fragilidades. Nota-se claramente que é alguém preparado (e eu nem precisava dizer isso), justamente por apontar os riscos e desafios do projeto - e ao avaliar as primeiras declarações de Textor, ressaltou:
- Gosto quando ele fala sobre a questão do baixo uso de scouting no futebol brasileiro. Se compararmos com a Europa, ainda usamos pouco, e os profissionais parecem ser menos ouvidos do que deveriam. Um aspecto que precisa ficar claro é que ele pensa o Botafogo como clube de formação, eventualmente reforçado por atletas experientes, mas note que ele nunca falou em grande equipe e conquistas. Aparenta ter os pés no chão - completou Grafietti.

O economista vê o pouco espaço para a análise de desempenho como um empecilho para que o futebol nacional se desenvolva com precisão. 

- O Brasil usa pouco, mas não por falta de profissionais e sim por falta de interesse. Há ótimos profissionais, temos acesso a todas as ferramentas, mas basta ver as contratações de muitos clubes para perceber que alguma coisa não foi feita corretamente. Isso acontece porque o dirigente amador ainda acredita na indicação, no agente, e muito mais no nome que na função - constatou.

Aos seus olhos, a mudança de panorama acontece à medida que o clube parte para uma gestão mais profissional.

- São coisas que seriam superadas por uma ação mais relevante de um diretor esportivo qualificado e pelo uso de dados. O olhar do profissional nunca será desprezado. Os melhores diretores esportivos europeus analisam partidas presencialmente antes de qualquer contratação. Mas é fundamental uma avaliação prévia bem feita e uma verificação fria para validar o que se viu em campo - disse Cesar Grafietti.

Grafietti também vê no fato de John Textor gerir o Crystal Palace um bom caminho para fazer com que o Botafogo consiga sua evolução gradativa.

- A realidade (do futebol inglês e do futebol brasileiro) é bem diferente. Mas gerir um clube de futebol de uma liga qualificada (Premier League) e efetivamente profissional garante uma capacidade de enxergar e reconhecer os problemas e pontos de melhoria. Imagine ele levando o diretor esportivo e o gerente de análise de desempenho do Crystal Palace para fazer um estágio no Botafogo? Ou levar profissionais do Botafogo para se desenvolverem a partir das boas práticas inglesas? Este intercâmbio não seria um favor, mas uma formação em casa, sem depender de ninguém - afirmou.

 

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