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OPINIÃO: Em meio à onda estrangeira, temporada termina no Brasil valorizando técnicos nacionais

Out 12, 2023

Por Rodrigo Bueno, blogueiro do ESPN.com.br                                                                        

 

Tite (Flamengo), Fernando Diniz (Fluminense), Dorival Júnior (São Paulo) e Mano Menezes (Corinthians) Arte ESPN

Nos últimos anos, temos visto uma espécie de invasão estrangeira no mercado nacional, com os treinadores gringos dividindo mesmo os postos de trabalho nos clubes da primeira divisão com os técnicos nacionais. E percebemos em algumas declarações uma certa rivalidade ou disputa velada entre os que nasceram aqui e os que vêm de fora.

Dorival Júnior e Mano Menezes, hoje técnicos bem empregados no São Paulo e no Corinthians, respectivamente, são alguns dos profissionais locais que já defenderam publicamente a categoria e a competência do treinador brasileiro, rejeitando de certa forma essa onda estrangeira que tem tomado conta do futebol nacional.

Dorival, outrora desvalorizado no mercado, está por cima após os títulos vencidos no Flamengo ano passado e, sobretudo, pela conquista recente da Copa do Brasil com o São Paulo em cima do mesmo poderoso time rubro-negro.

Parece ter alcançado um outro patamar, sendo agora reconhecido de fato como um técnico de ponta, capaz de fazer mais do que um simples arroz com feijão. Dorival ainda é o atual campeão da CONMEBOL Libertadores como técnico, e o único treinador que pode ser campeão da América por clube brasileiro neste ano é Fernando Diniz. Nada de Abel Ferreira ou outro nome estrangeiro.

Diniz já passou de certa forma a perna em treinadores gringos mais renomados ao ser colocado como comandante da seleção brasileira. Mesmo que de forma interina, o técnico do Fluminense ocupa a vaga que devia ser do italiano Carlo Ancelotti pelo gosto e pela vontade do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.

Mas há quem diga e deseje que Fernando Diniz, com 100% de aproveitamento à frente da seleção até aqui (ok, são apenas dois jogos), possa ser efetivado em 2024, ainda mais se for mesmo campeão da Libertadores, calando ainda mais os críticos.

Botafogo caminha a passos largos para ser campeão brasileiro.

O Glorioso começou sua trajetória na competição com um técnico português (Luís Castro), teve que substituí-lo e optou por outro lusitano (Bruno Lage). Quando a coisa pareceu sair do controle, houve uma mudança de rota e eis que Lúcio Flávio assume então a equipe. Como interino, venceu o Fluminense de Diniz por 2 a 0 mesmo como visitante e voltou a deixar o Fogão em condição privilegiada na tabela, com folga na ponta.

Tudo indica que ele, mesmo como um interino, será o comandante alvinegro até o final do campeonato e que vai aparecer na tradicional foto de campeão. Fácil imaginar agora que os três principais títulos que um clube brasileiro pode conquistar aqui no continente (Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil) ficarão na mão de treinadores aqui mesmo do Brasil.

Desta vez, Abel Ferreira ficou em segundo plano, tendo vencido nesta temporada apenas o Paulista e a Supercopa, pouca coisa para quem tem tanto investimento.

Alguns dos treinadores estrangeiros que passaram com certa pompa pelo futebol brasileiro recentemente saíram de cena um tanto quanto desgastados e queimados: Posso citar de Domènec Torrente a Paulo Sousa, de Vítor Pereira a Jorge Sampaoli. Veja que todos esses nomes estiveram no Flamengo, cuja diretoria ambiciosa se acostumou a ir para a Europa fazer entrevistas com vários treinadores, deixando os profissionais brasileiros em uma segunda prateleira (Dorival Júnior e Rogério Ceni ganharam troféus importantes, mas não foram devidamente valorizados pelos rubro-negros).

Ao escolher agora Tite como seu técnico, o Flamengo volta a valorizar também a figura do técnico local, do profissional brasileiro. Mesmo com Tite não tendo muito sucesso na seleção, ele ainda posa como o treinador mais bem preparado que temos, uma referência nacional na última década.

Santos estava bastante temeroso em relação ao que seria um inédito rebaixamento.

Mas está sendo salvo por um treinador que conhece muito bem a Baixada Santista. Marcelo Fernandes vive intensamente o clube praiano e conseguiu três vitórias seguidas que tiraram o Peixe da zona da degola, até quebrou um longo tabu diante do Palmeiras e superou o badalado luso Abel Ferreira.

A diretoria do Santos deixou de olhar para nomes de fora e passou a acreditar em quem é da casa. Deu muito mais certo do que alguns estrangeiros recentes, como Diego Aguirre e Fabián Bustos (o time já tinha quebrado a cara antes com o argentino Ariel Holan).

Bem ou mal, o veterano Luiz Felipe Scolari ainda consegue um excelente emprego como treinador. Foi o nome escolhido para dirigir o Atlético-MG em meio à inauguração da Arena MRV. E ele deixou o organizado Athletico nas mãos de outro brasileiro, esse de trajetória profissional mais humilde: Wesley Carvalho.

Rogério Ceni e Zé Ricardo, apontados como dois dos técnicos mais estudiosos do Brasil da nova geração, estão de volta em times da elite (Bahia Cruzeiro, respectivamente) buscando fugir do rebaixamento e também se consolidar na carreira de treinador top atualmente.

Thiago Kosloski ainda tem uma missão quase impossível à frente do Coritiba, mas conseguiu reabilitar o Coxa em sua luta inglória contra o descenso após um primeiro turno mais do que sofrível. Ele conseguiu vencer o clássico contra o Athletico e depois impôs ao Galo sua primeira derrota na sua nova arena. Deve ser rebaixado, mas sair por cima do Brasileiro.

Os clubes brasileiros parecem viver de modinhas na hora de contratar técnicos.

Para a próxima temporada, talvez o mercado acredite mais na prancheta brasileira. Está claro que uma boa gestão de grupo é algo bastante importante no nosso futebol, que tem uma cultura muito particular de atletas mimados e diretorias volúveis que querem controlar o vestiário passando por cima dos técnicos.

Creio que essa seja a grande dificuldade para os treinadores estrangeiros terem mais sucesso por aqui. O próprio Abel Ferreira, tão vitorioso e idolatrado no Palmeiras, já começa a sofrer com desgaste, críticas e questionamentos.

Eu me arrisco a dizer que, se Fernando Diniz (o “Guardiola brasileiro”) der certo na seleção e se Tite (o mais preparado dentre os nossos) vingar no Flamengo, aquele velho orgulho nacional falará mais alto e abriremos espaço para uma nova safra de técnicos no Brasil, que já não é mais chamado de país do futebol há algum tempo, mas que poderá voltar a ter esse rótulo um dia.

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