Ataíde Gil Guerreiro compareceu ao estádio do Morumbi na manhã da última quinta-feira para depor para a comissão de ética do São Paulo, que conduz um processo interno de investigação sobre a gestão do ex-presidente Carlos Miguel Aidar porsuspeita de corrupção. Para a conclusão da apuração faltava apenas o depoimento do vice-presidente de futebol do clube, que falou por cerca de uma hora e meia, admitiu ter 'esganado' o ex-mandatário e até representou a cena para os membros do órgão.
A briga entre Gil Guerreiro e Aidar também é alvo de investigação interna.
Segundo apurou o ESPN.com.br, Gil Guerreiro compareceu acompanhado de duas das cinco testemunhas que indicou. No caso, Roberto Natel, vice-presidente geral do São Paulo, e José Francisco Manssur, o vice de Comunicação e Marketing. O presidente Carlos Augusto de Barros Silva, o Leco, o diretor de futebol Rubens Moreno e o conselheiro José Alexandre Medicis não estiveram presentes durante o depoimento do cartola.
Também estava presente o advogado de Carlos Miguel Aidar, José Luis Oliveira Lima.
Durante o depoimento, Gil Guerreiro admitiu ter agredido Aidar durante uma discussão no Hotel Radison, em São Paulo, em 5 de outubro do ano passado. Negou ter atingido o ex-presidente com um soco no rosto, embora tenha afirmado que tocou a face de Aidar com o punho fechado e revelou que o segurou pelo pescoço. De acordo com relatos para a reportagem, ele até reproduziu como teria ocorrido com ajuda de Natel.
Segundo ele, a discussão ocorreu por causa do conteúdo que está na gravação - no qual Aidar oferece repartir com ele comissão pela contratação de um jogador da Portuguesa.
Sobre as denúncias contidas no áudio, o vice de futebol confirmou que o conteúdo contempla todas as denúncias que tem contra Aidar e não apresentou mais provas.
Os contratos que Gil Guerreiro afirma possuir no áudio, no entanto, não foram entregues à comissão de ética tricolor - havia expectativa de que ele pudesse apresentar mais provas.
Antes desta quinta-feira, Ataíde Gil Guerreiro já havia sido convocado três vezes para depor. Os dias foram 18 de janeiro, 19 de janeiro e 3 de fevereiro. Todas as vezes ele teve compromissos e desmarcou. Por isso foi o último a se pronunciar.
PRÓXIMOS PASSOS
Durante a apuração com o envolvidos foram ouvidos ao todo quatro pessoas, sem contar as testemunhas. Carlos Miguel Aidar, Julio Casares (vice na gestão passada), Paulo Ricardo de Oliveira (ex-CEO do clube) e Ataíde Gil Guerreiro.
Agora, a comissão de ética usará os depoimentos, as cópias dos e-mails enviados por Gil Guerreiro aos conselheiros com acusações contra Aidar e a gravação feita por ele para concluir o processo nos próximos dias.
Assim que o processo estiver pronto a comissão oferecerá um prazo de dez a 15 dias para os dois lados contestarem ou apresenteram novas provas para caso. Somente encerrado essa etapa é que os membros da comissão formularão um parecer.
Depois, será agendada uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo para a apresentação do resultado da investigação e a sugestão de pena da comissão de ética, que pode ser uma advertência, suspensão ou expulsão do clube.
Conselheiros que conhecem os membros da comissão de ética entendem que dificilmente Aidar e Gil Guerreiro ficarão sem punições. O primeiro pelas denúncias contra a gestão dele, já o segundo pela agressão cometida ao então presidente.
A comissão de ética é presidente pelo advogado José Roberto Ópice Blum e tem como membros Ricardo Hadad, Newton Bittencourt, Alberto Bugarib e o Renato Ricardo.