Mais uma vez, o Palmeiras está indignado com a WTorre. O clube entendeu como uma falta de lealdade da construtora o vazamento de pontos sigilosos que correm na arbitragem e internamente acredita, inclusive, que a empresa vai lançar apoio a um candidato à presidência na eleição deste ano.
Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, os pontos que foram a público nesta terça são semelhantes aos expostos pelo conselheiro Vicente Criscio em suas indagações na reunião do Conselho Deliberativo ocorrida na segunda.
Assim, o que chamou a atenção das pessoas presentes que conversaram com a reportagem, em um primeiro momento, é como um conselheiro obteve informações sigilosas, já que as mesmas são de conhecimento restrito às pessoas envolvidas na arbitragem.
Dessa forma, conselheiros da situação - que já acreditavam de que o conselheiro Vicente Criscio tem informação privilegiada vinda da construtora e vai se lançar ao cargo máximo do clube com o apoio da WTorre já nas próximas eleições - viram essa tese como corroborada.
Criscio, por sua vez, tem uma versão diferente dos fatos.
"Vou te dizer o que eu perguntei (na reunião do Conselho). Primeiro, qual o status do processo; Segundo, se havia ocorrido decisões anteriores que pudessem nos levar a algum prognóstico; eu sou uma pessoa do mercado e não passo a minha vida fazendo política dentro do clube social, portanto eu conheço como funcionam esses processos e notei que esse ano o preço do ingresso do camarote saiu de 100 reais ano passado para 39 reais, logo houve alguma coisa, então eu perguntei o que ocorreu; Terceiro, perguntei sobre qual o acordo que o presidente citou em seu discurso minutos antes; e se esse acordo seria submetido ao conselho e aos sócios; e quarto, perguntei qual será o custo que teremos em caso de perder a arbitragem", explicou, ao ESPN.com.br.
Sobre ser candidato a presidente com o apoio da construtora, ele afirmou: "Quem falou isso é leviano. Mais uma vez as pessoas tentam vincular meu nome à WTorre. Isso é medo. Sabe por que é medo? Porque eles sabem que eu defendo um projeto de diminuição da influência política no futebol e aplicação de governança e profissionais de verdade na Sociedade Esportiva Palmeiras", apontou.
Nesta terça-feira, algumas questões de operação discutidas na arbitragem vazaram publicamente, o que gerou desconforto entre a cúpula do presidente Paulo Nobre.
Pessoas próximas à diretoria do Palmeiras consideraram o vazamento como um ato de má-fé, tendo em vista que o noticiado teria sido deturpado alegando supostas derrotas do Palmeiras que não condizem com a realidade e não incluem os principais pontos da arbitragem, que são a discussão da venda restrita a dez mil cadeiras e a suspensão do programa Avanti, pleiteado em segunda arbitragem pela construtora.
Segundo apuração do ESPN.com.br, as decisões do tribunal até o momento foram em caráter provisório e se referem exclusivamente a questões operacionais enquanto a arbitragem não chega ao seu resultado final.
No caso, se regulamentou o valor de ingressos, a utilização de bilhetes eletrônicos nos moldes do Avanti e o uso das catracas da construtora, fato esse que inclusive já foi derrubado, tendo em vista que as catracas da construtora não são compatíveis com as exigências do estatuto do torcedor por não emitirem os recibos.
A arbitragem já dura mais de dois anos e deve ter um desfecho em breve.
Ainda sobre ser candidato a presidente do Palmeiras em 2016, Vicente Criscio afirmou, à reportagem: "Agradeço a oportunidade de explicar. Não sou candidato neste momento. Não sei se serei. Estatutariamente eu poderia ser, mas há coisas mais relevantes a discutir, como a reforma estatutária que não reforma nada no Palmeiras e é mais do mesmo".
Já segundo conselheiros ouvidos pela reportagem, a atuação de Criscio no Conselho é considerada como "pró-construtora", sendo ele chamado entre conselheiros como "Porta-Voz da WTorre no Conselho Deliberativo do Palmeiras" pela forma com que defende os interesses da parceira em suas manifestações no CD.
Em fevereiro, a reportagem havia questionado sobre o tema a Criscio, que então afirmou: "O grupo que hoje está colado ao Paulo Nobre quer colar em mim uma imagem que não faz o menor sentido, como sendo o conselheiro apoiado pela construtora, e isso é uma inverdade, o que existe é uma relação da construtora com o Palmeiras que é gerida por amadores".
"Acho que a WTorre não pode, não deve e não quer se meter na política do clube. Se fizer isso, tem sério problema. Não pode apoiar nenhum candidato, deve sim ter um bom relacionamento com qualquer presidente do Palmeiras ou qualquer candidato, pois em uma relação de negócios como essa o bom relacionamento é fundamental", continuou, na ocasião.
Também em fevereiro, a WTorre foi procurada pela ESPN sobre apoiar algum candidato à presidência e respondeu, por meio de sua área de comunicação: "A WTorre esclarece que trata-se de mais uma 'informação' falsa e mentirosa, inventada por quem tem interesse em tumultuar o ambiente político da Sociedade Esportiva Palmeiras".
Oficialmente, o Palmeiras afirmou que não vai comentar o caso.