Silva corre para bater o pênalti.
Messi está no meio-campo, envolto pelo braço direito de Kranevitter.
Silva chuta forte, rasteiro, no canto direito de Romero.
Messi olha.
Silva vibra. Uma nação explode. Sim, de novo. Sim, nos pênaltis. Sim, o Chile repete o script de 2015 e é campeão da Copa América Centenário.
Messi sai para o lado direito. Ninguém, ninguém ousa chegar perto. Ele caminha e senta no banco de reservas. Sozinho. Olhar no infinito. Sem ninguém por perto.
A cena acima poderia ter sido descrita em algum tango. A música que virou símbolo da Argentina é marcada pelo drama. Nunca há sorriso sem sofrimento. Nunca um amor é conquistado sem um coração despedaçado.
“Terminou para mim.”
A final da Copa América Centenário foi um tango para Messi. Na verdade, foi mais uma canção de esperança que terminou em dor e desespero, mais uma música dramática em um disco que parece girar sem fim, intitulado “Messi e a seleção argentina”.
Pausa na história. Rebobinemos a fita, ou melhor, voltemos no tempo por alguns instantes.
Vidal é quem abre as cobranças de pênaltis na final da Copa América Centenário. Vidal, o melhor em campo, bate quase no meio do gol. Romero defende. É festa da torcida argentina. Ninguém percebe, mas é o começo do tango.
Messi pega a bola. Ajeita. Do outro lado, Bravo, aquele que tantas vezes ajudou Messi a brilhar no Barcelona. Ele solta o pé esquerdo no canto esquerdo. A bola sobe. Sobe muito. Desaparece. Quem faz festa é a torcida chilena. Tango.
O 10, o capitão, desaba. Quase rasga a camisa de raiva. Põe a mão no rosto enquanto caminha sem rumo ao centro do campo. A cada cobrança, lamenta, passa a mão no cabelo, no rosto, lamenta de novo, balança a cabeça, anda de um lado para o outro, perdido.
Se nós aqui tivemos que voltar uns instantes na história para tentar descrever o que aconteceu no gramado do MetLife Stadium, o mundo de Messi parou quando a sua cobrança ganhou os ares.