O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) recebeu neste sábado (10/09) o segundo grupo com crianças e adolescentes libertados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) como parte do compromisso firmado nos diálogos de paz com o governo do país. O primeiro grupo havia sido liberado horas antes.
Os menores foram recebidos por uma missão formada por membros do CICV e dois delegados das organizações sociais que fazem parte da equipe técnica que monitora o cumprimento do acordo. É a Cruz Vermelha quem vai fazer uma avaliação preliminar do estado de saúde física e mental dos menores de idade e, além disso, é responsável por verificar suas identidades e informação pessoal básica antes de entregá-los a uma equipe de recepção formada por membros do Unicef.
O Unicef, por sua vez, terá locais transitórios de amparo, onde as crianças e adolescentes serão submetidos a uma segunda avaliação médica e psicológica. Depois, os jovens seguem para atividades preparatórias para reincorporação, reparação integral e inclusão social.
Discrição
Segundo a Cruz Vermelha, a discrição é chave para esse tipo de missão, dado o público recepcionado – menores de idade. Por isso, pediram que o povo colombiano e a imprensa respeitem as medidas tomadas para garantir a preservação da identidade das vítimas.
Em maio, as equipes de negociação do governo da Colômbia e das FARC assinaram um acordo para tirar todas as crianças e adolescentes da guerrilha, facilitando sua reintegração à vida civil.
O acordo de paz entre as duas partes foi firmado no dia 24 de agosto e será assinado em um ato solene no dia 26 de setembro. Posteriormente, o pacto será submetido à consulta popular através de um referendo que foi convocado no dia 2 de outubro. Pesquisas de opinião apontam para a aprovação do processo com índices acima de 70%.
Uribe manda carta a candidatos
O senador e ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, enviou uma carta à democrata Hillary Clinton e ao republicano Donald Trump, candidatos à Presidência dos EUA, em que manifesta “preocupações” com o processo de paz entre as FARC e Bogotá. Uribe tem feito forte oposição ao acordo.
"Hoje temos que apelar aos senhores para manifestar preocupações com o que acontece na Colômbia devido aos denominados Acordos de Havana", afirmou uma carta assinada também pelos pré-candidatos presidenciais do uribismo Ivan Duque, Carlos Holmes Trujillo e Óscar Iván Zuluaga – este último, derrotado pelo atual presidente Juan Manuel Santos nas eleições de 2014.
Para os uribistas, no acordo de Havana selado pelo governo colombiano e o grupo guerrilheiro se aceita que o narcotráfico seja considerado um crime político e "em consequência, os máximos responsáveis das FARC ficam com o benefício de não extradição".
(*) Com Efe