O governo escocês deve publicar na próxima semana a minuta de um projeto de lei para pedir um segundo plebiscito de independência do Reino Unido por causa do triunfo da Brexit, anunciou nesta quinta-feira (13/10) a premiê da Escócia, Nicola Sturgeon.
Em discurso em Glasgow, onde é realizado o congresso anual do Partido Nacionalista Escocês (SNP), Sturgeon disse que é necessário que os escoceses reconsiderem esse assunto "antes que o Reino Unido deixe a União Europeia (UE)".
A líder independentista se dirigiu também à primeira-ministra britânica, a tory Theresa May, a quem advertiu que "se não for possível proteger nossos interesses dentro do Reino Unido, então a Escócia terá o direito a decidir, de novo, se quer adotar um caminho diferente".
Durante seu discurso, Sturgeon enfatizou que "fará o que for necessário" para "proteger os interesses da Escócia".
Sturgeon ressaltou que tem um dever político de defender a vontade expressada pelos escoceses no passado plebiscito europeu de 23 de junho, no qual 62% votaram a favor de continuar dentro da UE. Por esse motivo, afirmou, Edimburgo realizará na próxima semana um processo de consulta sobre a possibilidade de realizar um segundo plebiscito de independência da região do Reino Unido.
"Estou decidida que a Escócia tem que ter a capacidade de reconsiderar a questão da independência -e que faça isso antes que o Reino Unido deixe a União Europeia - se isso for necessário para proteger os interesses de nossos país", disse a líder do SNP.
No primeiro plebiscito escocês de independência, convocado em 18 de setembro de 2014, os cidadãos rejeitaram se desvincular de Westminster.
O anúncio feito nesta quinta-feira por Sturgeon é recebido como um desafio a May, depois que a primeira-ministra britânica deu sinais de que poderia optar por uma "Brexit dura" - sem acesso ao mercado único em prol do controle da imigração - nas futuras negociações entre Londres e Bruxelas.
May tem intenção de ativar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa - que iniciará de maneira formal o processo negociador de dois anos para sair do bloco comum - antes do fim de março de 2017.