O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu novamente nesta quinta-feira (16/06), ao presidente da Assembleia Nacional do país, o deputado Henry Ramos Allup, que, como "líder da oposição", se sente à mesa para dialogar com a comissão internacional mediadora integrada por ex-governantes e apoiada pela Unasul.
"Senhor Henry Ramos Allup, me dirijo ao senhor como chefe daquele grupo, e eu como chefe de um país, de um povo, faço tudo isso porque quero a paz, e a paz se alcança com a palavra, com o diálogo, com bons gestos", disse Maduro, durante reunião com seus ministros no palácio presidencial.
"Eu convoco Henry Ramos Allup para uma conversa 'cara a cara' com agenda aberta, sem condições, no dia e na hora que for mais conveniente", afirmou o presidente venezuelano.
Maduro diz que este foi um pedido pela “paz no país” e em nome da comissão formada para discutir a situação na Venezuela. Dela, participam o ex-presidente de Governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, e os ex-presidentes Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá) com o apoio da Unasul.
O pedido vem um dia depois de o TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) ordenar que a Assembleia Nacional "se abstenha de tentar conduzir as relações exteriores" do país ou implantar ações que sejam típicas do Poder Executivo.
A sentença foi dada com base na suspeita de que parlamentares estavam solicitando “a intervenção de organizações e organismos internacionais em assuntos internos da República”.
"Há 48 horas saiu uma decisão do TSJ em relação à demanda que interpus para que definisse e resolvesse o conflito de poderes entre a Assembleia Nacional e o Poder Executivo, e estabelecesse o crime de usurpação de funções por parte da direção da Assembleia", disse Maduro.
Estados Unidos
Na terça (14/06), Maduro já havia anunciado que seu país e os Estados Unidos iniciariam “uma nova etapa de diálogo”. O anúncio se deu após um encontro entre a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, e o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em Santo Domingo, na República Dominicana, em meio à 46ª Assembleia Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos).
“Eles propuseram que iniciemos uma nova etapa de diálogo com novos canais de comunicação e um conjunto de encontros a alto nível de maneira imediata e eu disse à chanceler: ‘aprovado’”, declarou Maduro em Caracas.
OEA
Na quarta-feira (15/06), Caracas obteve uma vitória expressiva na OEA (Organização dos Estados Americanos), aprovando um pedido para que a conduta do secretário-geral da entidade, Luis Almagro, fosse analisada. Ele invocou a Carta Democrática do órgão para o país, o que pode resultar na saída da Venezuela da OEA.
A votação foi considerada “histórica” pela chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez. Em entrevista coletiva, ela disse que a decisão da OEA expressou “maturidade” e "evolução" dos países.
“Essa decisão histórica que ocorreu hoje [ontem], [com] 19 votos a favor, diz muito sobre como os países amadureceram e evoluíram”, disse Delcy, para quem a decisão “ratificou” a soberania e a independência das nações.