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Morte de Fidel não impacta política doméstica de Cuba

Nov 28, 2016

Por Ópera Mundi                                                                                                      

 

Amigo pessoal do líder cubano Fidel Castro, o teólogo brasileiro Frei Betto disse acreditar que a morte do revolucionário não impactará a política doméstica da ilha.

"Acho que a morte dele não será um divisor de águas, porque a Revolução Cubana está consolidada. Como Fidel já estava afastado há anos do poder, seu irmão Raúl está habituado a lidar com a política local", afirmou Frei Betto em entrevista exclusiva à ANSA.
"Não temos elementos para fazer comparações com a Venezuela e sua situação pós-morte de Hugo Chávez", afirmou. "O futuro de Cuba depende muito mais do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que de Raúl Castro", ressaltou o teólogo, autor do livro "Fidel e a Religião". O revolucionário cubano também assina o prefácio de uma biografia que será lançada dia 28 sobre o teólogo brasileiro.
"Sou muito próximo da família Castro. Era amigo de Fidel, sou amigo de sua esposa, Dalia Soto del Valle, de seus filhos, do seu irmão Raúl. Pretendo ir a Cuba para acompanhar o funeral e espero chegar à ilha na próxima sexta-feira (02/12)", confessou Frei Betto, que está no Rio de Janeiro e recebeu a notícia da morte pelos jornais.
Fidel Castro faleceu aos 90 anos de idade, na noite de sexta (25/11), às 22h29 de Havana, mas a causa da morte ainda não foi revelada. Seu irmão, sucessor político e atual presidente da ilha, Raúl Castro, anunciou o falecimento do líder da Revolução Cubana em um vídeo na televisão.

O corpo do revolucionário comunista será cremado ainda hoje, mas o funeral foi marcado para 4 de dezembro, no cemitério Santa Efigênia, em Santiago de Cuba. Adversário dos Estados Unidos por mais de meio século e aliado da antiga União Soviética, Fidel Castro renunciou ao poder oficialmente em 2008 devido a problemas de saúde.
Nos bastidores, Fidel viu seu irmão conduzir um processo de abertura econômica e de retomada das relações diplomáticas com os EUA em negociações mediadas pelo papa Francisco e pelo Canadá.
Mas, mesmo longe do poder, o revolucionário não deixava de fazer comentários sobre os acontecimentos políticos em artigos publicados como "Reflexões do Companheiro Fidel". A retomada das relações com Cuba ocorreu com Barack Obama à frente da Casa Branca. O democrata foi o primeiro presidente a visitar a ilha em quase 90 anos. "A história julgará o enorme impacto [de Fidel]", comentou o mandatário neste sábado.
Agora, Obama deixa o Salão Oval para o republicano Donald Trump, vencedor das eleições presidenciais de 8 de novembro. Em seu Twitter, o magnata se limitou a escrever que Fidel tinha morrido. Horas depois, porém, em um comunicado oficial, Trump definiu Fidel como um "ditador brutal" e disse desejar um "futuro livre a Cuba".
"Hoje o mundo fala da morte de um ditador brutal que oprimiu seu povo por quase seis décadas. Enquanto Cuba permanece uma ilha totalitária, deposito esperanças de que o dia de hoje marque o fim dos horrores suportados por tanto tempo e um futuro no qual o magnífico povo cubano viva, finalmente, com a liberdade que merece", escreveu o republicano, que ainda não anunciou quem será seu secretário de Estado a partir de 2017.

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