O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) decidiram no final desta segunda-feira (30/05) prorrogar por 20 dias o prazo para a entrega das armas da guerrilha, e estender por dois meses a vigência das áreas onde estão reunidos seus membros, segundo anunciou o presidente Juan Manuel Santos.
"Serão 20 dias adicionais para o desarmamento e 60 para as reincorporações. Não é nada para terminar bem 53 anos de enfrentamento e violência fratricida", afirmou Santos.
O período de 180 dias para a implementação da paz começou no último dia 1º de dezembro, um dia após a ratificação pelo Congresso colombiano do acordo assinado em 24 de novembro em Bogotá, mas problemas de diversos tipos acabaram atrasando esse processo e levaram as FARC a pedir uma ampliação do prazo de pelo menos dois meses.
Santos disse que nestes últimos seis meses se avançou "no desarmamento completo e definitivo das Farc" e que, apesar dos atrasos sofridos principalmente por problemas logísticos na construção das zonas de vereda transitórias de normalização (ZVTN) onde estão reunidos 6.934 guerrilheiros, esse processo foi "ordenado" e "seguro".
"No entanto, devido aos atrasos acumulados por conta dos problemas que já mencionei, de comum acordo com as Nações Unidas e as Farc, decidimos que a entrega das armas se terminará não amanhã como estava previsto, senão dentro de 20 dias", acrescentou. Pelas mesmas razões, as partes decidiram prolongar a vigência das ZVTN "por dois meses mais, até 1º de agosto deste ano".
"Este tempo adicional nos permitirá pôr em marcha devidamente o processo de reincorporação à vida civil e sem armas dos ex-membros das FARC", explicou. O governante colombiano salientou que "esta mudança na data não afeta de modo algum a firme decisão e o claro compromisso do governo e das Farc para cumprir com o acordo".
"O Mecanismo de Monitoramento e Verificação (MM&V) seguirá exercendo o seu papel até certificar que a última arma das Farc foi entregue e retirada do território nacional", completou. O MM&V é um mecanismo tripartite integrado por membros das Nações Unidas, da polícia colombiana e das FARC que está presente nas 26 zonas rurais onde estão reunidos os guerrilheiros e supervisiona o cumprimento do cessar-fogo bilateral e definitivo.
Nesse sentindo, Santos também disse hoje que o cessar-fogo "funcionou", pois desde o seu início, há seis meses, "não houve um só enfrentamento entre as nossas forças e integrantes das Farc. Nem um ferido, nem um morto. Mais importante ainda, não houve nem um só incidente ou ataque contra a população civil".
"Cumpridos estes primeiros seis meses desde a assinatura do acordo, podemos dizer sem sombra de dúvidas que a paz é irreversível. Não vamos voltar atrás. Por nenhum motivo vamos voltar às épocas terríveis da violência, do medo, dos assassinatos e dos massacres. A Colômbia está deixando para trás essa história de sangue e dor para sempre", disse.