A ex-presidente argentina Cristina Kirchner lançou nesta quarta-feira (14/06) a frente partidária Unidade Cidadã, que irá disputar as eleições legislativas que serão realizadas em outubro com uma plataforma de oposição ao governo de Mauricio Macri.
A nova frente foi apresentada por meio de comunicado divulgado nas redes sociais da ex-presidente. Intitulado “Depois do engano e do calote eleitoral: a segunda fase do ajuste”, o texto traz duras críticas ao governo Macri, da aliança Cambiemos, e propostas para “frear o ajuste e construir mais e melhor democracia”.
O documento recorda que o atual presidente, antes de ser eleito, declarou que iria “terminar com a pobreza, a insegurança e a exclusão”. No entanto, “na Argentina de nossos dias, a sociedade está sofrendo em carne própria a reinstauração do modelo neoliberal, consequência do engano e do calote eleitoral mais formidável de que se tem memória”, diz o manifesto.
“A democracia representativa exige que aqueles que assumem cargos ou cadeiras por meio de eleição pelo voto popular devem cumprir com os programas e as propostas que realizaram durante a campanha eleitoral. Quando o povo vota, não dá cheques em branco; elege entre pessoas que encarnam ideias, formulam programas e propostas de governo”, segue o texto.
“O problema não é o passado que todos e cada um dos argentinos temos, mas que com as políticas do governo do Cambiemos não há futuro para ninguém”, diz o manifesto, acrescentando que “se trata de um programa econômico, político e social que os grupos de poder nacionais e estrangeiros pretendem aplicar para seu próprio benefício”.
De acordo com a frente partidária, o governo Macri pretende implementar depois das eleições de outubro “a segunda fase do plano de ajuste”: “reformas estruturais que aprofundem de forma perdurável a debilidade dos trabalhadores e de seus salários em relação aos ricos e a seu capital”.
Por isso, os partidos da coalizão propõem “construir uma nova relação de formas políticas e sociais que expresse a unidade cidadã para frear o ajuste permanente, a desindustrialização endêmica, o endividamento serial e a especulação financeira que a Aliança Cambiemos tem como únicas metas de governo”.
A frente é formada pelos partidos Kolina, Novo Encontro, Compromisso Federal, Frente Grande e Partido da Vitória. O Partido Justicialista, de orientação peronista e principal força da Frente para a Vitória, coalizão que levou Néstor e Cristina Kirchner ao poder na Argentina, não aderiu à nova frente partidária.
Segundo fontes próximas a Cristina disseram a veículos da imprensa argentina e como a própria ex-presidente já havia sinalizado, ela será candidata ao Senado nas eleições que acontecem no dia 22 de outubro e que serão uma espécie de teste para o governo Macri. O anúncio oficial da candidatura de Cristina deve acontecer na próxima semana, já que o prazo para inscrições dos candidatos se encerra no dia 24 de junho.