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Exército tomas as ruas no Zimbábue

Nov 15, 2017

 Por El País                                                                                              

 

O Governo do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, de 93 anos, atravessa uma situação crítica nesta quarta-feira, depois que o Exército ocupou posições nas ruas da capital, Harare, e assumiu o controle de meios de comunicação e edifícios governamentais. Segundo a versão dos militares, trata-se de uma operação contra “criminosos” do entorno de Mugabe, no poder há 37 anos. Um porta-voz das Forças Armadas relatou que o nonagenário presidente está a salvo, mas sob custódia. O partido governista União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF, na sigla em inglês) afirmou nas redes sociais que Mugabe e sua mulher foram presos. “Nem o Zimbábue nem a ZANU são propriedade de Mugabe e de sua mulher”, declarou o partido em um tuíte. A sede da ZANU, no entanto, também está sob o controle do Exército. Segundo o relato do partido governista, o ex-vice-presidente Emmerson Mnangawa assumiria interinamente a chefia do Governo.

O Movimento pela Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), que há décadas é a principal força de oposição a Mugabe, pediu o retorno pacífico à democracia, acrescentando que a intervenção militar deve conduzir esta ex-colônia britânica ao “estabelecimento de um Estado estável, democrático e progressista”.

Soldados do Exército zimbabuano bloqueiam o acesso a prédios públicos da capital, como o edifício Munhumutapa, onde fica o gabinete do presidente, o Parlamento e o Tribunal Supremo, segundo o canal sul-africano de televisão News24. As informações apontam também para uma forte presença militar na rodovia que leva à residência rural de Mugabe, no distrito de Zvimba, a leste de Harare. O canal também exibiu imagens de soldados controlando o acesso ao aeroporto internacional, recentemente batizado de Robert Mugabe, mas os voos aparentemente continuam ocorrendo com relativa normalidade.

Durante a madrugada, oficiais do Exército leram uma declaração ao vivo pela televisão estatal em que negam ter cometido um golpe de Estado e asseguram que o presidente está a salvo. Momentos antes, um grupo de soldados ocupou a emissora nacional, e a imprensa local noticiou várias explosões em Harare, com causas desconhecidas. Na declaração transmitida pela TV, o general Sibusiso Moyo indicou que seu objetivo “é pacificar uma situação política e socialmente degenerada, a qual, se não for levada em conta, poderia resultar em um conflito violento”. “Assim que completarmos nossa missão, esperamos que a situação retorne à normalidade”, declarou.

Além disso, o general Moyo convocou todos os “veteranos de guerra” da luta pela libertação do Zimbábue a assegurar a paz, a estabilidade e a unidade, e pediu ao resto de forças de segurança que cooperem para o bem do país. Nesta manhã, esse mesmo comunicado era repetido a cada 20 minutos nas emissoras de rádio, que também reproduzem canções da guerra de independência da antiga Rodésia, ocorrida em 1980, segundo a News24.

Entretanto, apesar do aumento da tensão no país e dos rumores sobre um possível golpe de Estado, o comércio abriu as portas, mas o trânsito na rua é “mínimo”, segundo a emissora sul-africana. A incerteza começou a aumentar na tarde desta terça-feira, depois que vários tanques foram vistos rumando para Harare. Na véspera, o chefe das Forças Armadas, Constantine Chiwenga, concedera entrevista coletiva na qual alertou para a adoção de “medidas corretivas” contra o expurgo de veteranos no partido de Mugabe. Flanqueado pelos comandantes do Exército e da Força Aérea, Chiwenga se manifestava uma semana depois de Mugabe afastar Mnangagwa. O partido do presidente reagiu acusando o chefe militar de “conduta de traição” destinada a “incitar à insurreição”.

Também nesta madrugada, a Embaixada dos Estados Unidos pediu aos seus funcionários e cidadãos que trabalhem em suas casas nesta quarta-feira, por causa da incerteza política. Segundo nota da legação diplomática norte-americana, a embaixada contará com um pessoal mínimo e ficará fechada ao público durante todo o dia. Além disso, o texto orienta os cidadãos dos EUA no Zimbábue a se refugiarem em seus lares até segunda ordem e a permanecerem atentos às notícias e aos avisos da embaixada.

 

 

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