O ministro do Exterior da China, Wang Yi, parabenizou o líder norte-coreano, Kim Jong-un, por suas medidas para reduzir as tensões com a Coreia do Sul, comunicou Pequim nesta quinta-feira (03/05). O encontro em Pyongyang enfatizou os laços bilaterais e o desejo do governo chinês de continuar tendo um papel-chave no processo de paz na península coreana.
Wang também assegurou Kim de que Pequim apoia a mudança de foco da Coreia do Norte para o crescimento econômico, além dos esforços norte-coreanos para resolver as "preocupações legítimas de segurança" do país enquanto toma medidas para uma desnuclearização, disse o Ministério do Exterior da China em comunicado. Wang é o primeiro ministro do Exterior chinês a visitar a Coreia do Norte desde 2007.
A China "apoia e parabeniza" o encontro histórico de Kim na semana passada com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, segundo a declaração. "A cúpula trouxe uma oportunidade favorável para uma resolução pacífica da questão da península [coreana]", disse Wang.
No mais recente sinal de reaproximação entre Seul e Pyongyang, as Coreias concordaram em trabalhar por um tratado permanente de paz para substituir o acordo de cessar-fogo de 65 anos atrás. Wang também disse a Kim que a China apoia os esforços para dar um fim formal à Guerra da Coreia.
Pequim, um aliado histórico
As relações entre a China e a Coreia do Norte melhoraram significativamente após a recente visita de Kim a Pequim. A China, principal parceiro comercial de Pyongyang, aderiu às sanções das Nações Unidas contra a Coreia do Norte, que reduziram o comércio entre os dois países em aproximadamente 90%.
A viagem de Kim em março foi a sua primeira ao principal aliado desde que assumiu o poder, há seis anos – e foi o início de uma onda de diplomacia. Um encontro entre o líder norte-coreano e o presidente dos EUA, Donald Trump, está agendado para as próximas semanas – uma data exata ainda não foi anunciada.
Para a China, os encontros recentes oferecem uma oportunidade para reforçar sua importância na região e assegurar que suas preocupações e seus interesses sejam respeitados em qualquer negociação futura.
A China enviou tropas para lutar pelo lado norte-coreano na Guerra da Coreia (1950-53), mas as relações sofreram deteriorações nos últimos anos com a relutância de Pyongyang em implementar reformas econômicas ao estilo chinês e com o desenvolvimento contínuo de um programa nuclear por parte de Kim.
Há bastante tempo, Pequim tem pedido por um retorno às conversações entre seis países – Coreia do Norte, Coreia do Sul, China, Japão, Rússia e EUA – sobre o programa nuclear de Pyongyang. Analistas acreditam que as sanções da China podem ter impulsionado as iniciativas diplomáticas da Coreia do Norte.
O governo chinês afirma que as sanções impostas à Coreia do Norte têm como objetivo incentivar a diplomacia, e não punir Pyongyang. Pequim se opõe a quaisquer medidas que possam derrubar o governo norte-coreano e, possivelmente, levar a uma onda de refugiados que cruzariam sua fronteira e ao estacionamento de tropas americanas e sul-coreanas no norte da península.