Após horas de debate, o Senado da Argentina rejeitou na madrugada desta quinta-feira (09/08), por 38 votos a 31, o projeto de lei que propunha a descriminalização do aborto no país até a 14ª semana de gravidez.
Os senadores começaram a debater o tema às 9h30 de quarta (08/08) ontem e deliberaram apenas às 2h44 da madrugada de hoje. Foram registradas uma ausência e duas abstenções.
Para ser aprovado, o projeto precisava do apoio da maioria simples, ou seja, 37 dos 72 senadores. O texto já tinha sido aprovado na Câmara dos Deputados do país, em 14 e junho, com 129 votos a favor e 125 contrários.
A votação no Senado foi apertada e marcada por uma série de protestos pelas ruas da Argentina, com manifestantes fazendo campanha pró e contra o aborto. Com a decisão do Senado, a legislação sobre o aborto permanece a mesma na Argentina: o aborto ainda é crime e pode ser punido com até quatro anos de prisão. As exceções são os casos de gravidez decorrente de estupro ou quando há riscos para a mãe.
O tema só poderá ser apresentado novamente ao Congresso daqui a um ano. Mas os senadores que defendem a descriminalização estudam trazer para a Casa um projeto da senadora Lucila Crexell, que prevê a despenalização do aborto até a 12ª semana de gravidez.
Debate
O assunto gerou uma série de debates na Argentina. Líderes da Igreja Católica, como o próprio papa Francisco, originário de Buenos Aires, pronunciaram-se contrários ao projeto.
Na América Latina, apenas Cuba e Uruguai autorizam a interrupção da gravidez sem restrições. Em outros países, como o Brasil, o aborto é permitido em caso de risco para a mulher, estupro ou má-formação do feto.
Ao fim da votação no Senado, foram registrados confrontos e protestos violentos na Avenida Rivadaria, em Buenos Aires, entre apoiadores do aborto e manifestantes contrários. A polícia usou gás lacrimogêneo contra cerca de 30 pessoas e uma ficou ferida.