Rússia e China vetaram nesta quinta-feira (28/2) proposta de resolução feita pelos Estados Unidos que pedia a realização de eleições gerais na Venezuela. O país sul-americana reelegeu no ano passado para a Presidência da República Nicolás Maduro, com 67% dos votos, mas a vitória chavista não é reconhecida pela oposição, que tenta desde o início do ano, por meio de um golpe de Estado, apoiado pelos Estados Unidos, impedir que Maduro cumpra seu novo mandato.
O texto proposto por Washington pede o restabelecimento "da democracia e o Estado de Direito" na Venezuela e também pede para que seja entregues ao país "ajuda humanitária".
O projeto de resolução dos EUA obteve 9 dos 15 votos do Conselho de Segurança. Três países votaram contra (China, Rússia e África do Sul) e três se abstiveram (Indonésia, Guiné Equatorial e Costa do Marfim). A resolução alcançou os 9 votos mínimos para a aprovação, mas foi vetada por China e Rússia, duas das cinco potências com este direito no conselho (também têm direito a veto Estados Unidos, Reino Unido e França).
Além da proposta dos EUA, o Conselho de Segurança também discutiu uma proposta de resolução da Rússia sobre a Venezuela. O texto russo citava "ameaças do uso da força" na Venezuela e obteve quatro votos a favor (Rússia, China, África do Sul e Guiné Equatorial), sete contra e quatro abstenções.
"Lamentavelmente, ao votar contra esta resolução, alguns membros deste Conselho continuam protegendo Maduro e seus cúmplices e prolongando o sofrimento dos venezuelanos", disse o representante americano para Venezuela, Elliott Abrams. “Os Estados Unidos parecem ter esquecido o que é o direito internacional. A única coisa que desejam é uma mudança de governo, disfarçada de assistência humanitária", declarou o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia. "Já vimos isso na Líbia, Iraque, Síria e Afeganistão".
Após a votação, o embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, denunciou o "roubo de mais de US$ 30 bilhões" do povo venezuelano por parte dos Estados Unidos e Grã-Bretanha, que bloquearam seus ativos. Para os russos, a proposta americana gerava preocupação pelas "ameaças do uso da força" na Venezuela e "tentativas de intervenção em assuntos" internos do país.
Moscou defende uma "solução política" e "pacífica" para a crise. Para o país, o governo de Maduro é o único que tem autoridade para solicitar ajuda e coordenar sua entrada e distribuição.