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223 jornalistas desapareceram durante ditadura militar argentina

Jun 10, 2019

Por Ópera Mundi                                                                                 

 

 

Duzentos e vinte e três. Este é o número de jornalistas e trabalhadores da comunicação desparecidos durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983). O número foi revelado nesta sexta-feira (07/06), dia do jornalista no país, após uma atualização do Registro Unificado de Vítimas do Terrorismo de Estado da Secretaria de Direitos Humanos e Pluralismo Cultural argentina.

Se forem considerados os estudantes de Comunicação que desapareceram durante o período repressivo, o número de vítimas chega a 228.

O Registro se baseia em documentos do governo argentino, assim como em prontuários policiais, registros de cemitérios e testemunhos em processos judiciais que apuram crimes de lesa humanidade durante a repressão.

A cada nova pesquisa, o número de desaparecidos aumenta. A primeira lista de jornalistas que sumiram durante a ditadura, publicada em 20 de dezembro de 1986 em um informe da Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas, apontava que 84 profissionais haviam sido sequestrados pelo aparelho repressor. Já na época, essa cifra representava 1,6% de todos os casos de desparecimentos registrados no país.

No ano seguinte, o livro Com Vida Los Queremos (Com Vida os Queremos, em tradução livre), editado pela Associação de Jornalistas de Buenos Aires, elevava o número para 90.

Em 1998, um novo livro, Periodistas desaparecidos. Las voces que necesitaba silenciar la dictadura (Jornalistas desaparecidos: As vozes que a ditadura necessitava silenciar, em tradução livre), do jornalista Osvaldo Bayer, dava falta de 101 profissionais. Bayer chegou a afirmar, no prólogo da obra, que esta havia sido “a maior tragédia do jornalismo argentino.”

Em 2016, o número já havia chegado a 171 casos, de acordo com o Registro Unificado. Agora, em nova atualização, são reconhecidos 223 desaparecidos.

A maior parte dos desaparecidos era de jovens jornalistas, que haviam tido atividades políticas e sindicalistas nos anos prévios ao golpe. Por isso, causavam preocupação a donos de jornais que apoiavam os militares. Bayer relembra a convivência com os profissionais. “Estes jovens jornalistas converteram as redações em ágoras de sonhos e aspirações. Pensavam que era possível terminar com a fome da América Latina, organizar comunitariamente a selva e a favela.”

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