Os Estados Unidos iniciaram preparações para um ataque militar contra o Irã em retaliação ao abatimento de um drone de vigilância norte-americano, mas a operação foi cancelada abruptamente poucas horas antes de ser lançada, segundo informou a imprensa norte-americana. Trump confirmou a informação na manhã desta sexta, e disse que cancelou o ataque 10 minutos antes da execução.
Um funcionário do governo, que não estava autorizado a discutir publicamente a operação e falou sob condição de anonimato à agência de notícias Associated Press, disse que os alvos do ataque incluiriam radares e lançadores de mísseis iranianos.
O jornal The New York Times informou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou os ataques na noite de quinta-feira (20/06), mas depois os cancelou. O diário norte-americano citou autoridades administrativas anônimas.
O rápido acionamento de uma resposta bélica foi um lembrete expressivo do sério risco de conflito militar entre forças norte-americanas e iranianas, num momento em que o governo Trump tem combinado uma campanha de "pressão máxima" de sanções econômicas com o aumento de tropas norte-americanas na região. As tensões aumentaram significativamente nas últimas semanas, levando a um temor crescente de que qualquer um dos lados possa executar um erro de cálculo que leve a um conflito.
De acordo com o funcionário norte-americano que falou à Associated Press, os ataques foram recomendados pelo Pentágono e estavam entre as opções apresentadas aos altos funcionários do governo. Não ficou claro quão longe foram os preparativos, mas nenhum disparo foi executado nem mísseis foram lançados, segundo o funcionário.
A operação militar foi cancelada por volta das 19h30 em Washington (20h30 no horário de Brasília), depois que Trump passou a maior parte de quinta-feira discutindo a estratégia ante o Irã com seus principais assessores de segurança nacional e líderes do Congresso.
O abatimento do drone norte-americano – uma enorme aeronave não tripulada – sobre o Estreito de Ormuz provocou trocas de acusações entre Washington e Teerã sobre quem teria sido o transgressor. O Irã insiste que o drone violou o espaço aéreo iraniano, enquanto os EUA alegam que estavam sobrevoando águas internacionais.
Teerã afirmou possuir provas "indiscutíveis" de que houve transgressão norte-americana. "Inclusive algumas partes dos destroços do drone foram recuperadas em águas territoriais do Irã", disse o vice-ministro do Exterior do Irã, Abbas Araghchi. O país apresentou uma queixa formal no Conselho de Segurança da ONU, informou o ministério iraniano.
Os comentários iniciais de Trump sobre o incidente foram sucintos. "O Irã cometeu um grande erro", escreveu no Twitter. Mas depois ele minimizou a participação do governo iraniano ao afirmar que abater o drone – que vale cerca de 130 milhões de dólares e possui uma envergadura maior do que um Boeing 737 – pareceu ser um erro tolo, e não uma intensificação intencional das tensões.