A Câmara de Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira, graças à maioria democrata, as regras do jogo pelas quais vão levar adiante a investigação para um possível impeachment ou destituição do presidente, Donald Trump. O processo entra agora em um estágio formal, com os ritos próprios de um julgamento parlamentar: com algumas audiências em aberto, direito de defesa para o mandatário, a quem se acusa de ter pressionado a Ucrânia para prejudicar seu rival político Joe Biden.
A sessão desta manhã marca o primeiro voto formal sobre este processo excepcional e serviu para evidenciar o partidarismo deste processo: 231 democratas e um independente votaram a favor da investigação, enquanto 194 republicanos votaram contra.
A presidenta da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, ativou o processo no dia 24 de setembro ao transcender as manobras de Trump para tentar que a Ucrânia investigasse seu rival político, o ex-vice-presidente Joe Biden, e o filho dele por seus negócios no país, o que prejudicaria eleitoralmente o pré-candidato Biden. A sequência de depoimentos desde então, a portas fechadas, revelaram que Trump se serviu de uma diplomacia paralela — na qual seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, desempenhava um papel fundamental — para influenciar e pressionar Kiev.
Um dos últimos a depor, o coronel Alexander Vindman, subiu a temperatura do Capitólio nesta terça-feira por ser quem é e o que ele contou. Membro do Conselho de Segurança Nacional e experiente na Ucrânia, Vindman foi o primeiro membro ativo da Casa Branca a testemunhar contra Trump e alertou que o mandatário pediu a outro país que pesquisasse um político norte-americano. O coronel escutou ao vivo a já famosa conversa telefônica entre seu chefe e o presidente ucraniano, Volodímir Zelenski, na qual o americano lhe pediu o “favor” de que desse uma olhada sobre o democrata Biden e seu filho, que trabalhava para uma empresa de gás na Ucrânia quando o pai era vice-presidente.
“Não pensei que fosse apropriado pedir a um Governo estrangeiro que pesquisasse um cidadão dos EUA, e estava preocupado pelos envolvimentos do apoio da Ucrânia para o Governo de EUA”, assinala Vindman em sua declaração inicial escrita ante o Capitólio. Depois, durante as perguntas, a testemunha acrescentou outros detalhes preocupantes, segundo fontes anônimas citadas pelos meios locais.
O coronel assegura que a transcrição do telefonema elaborada por servidores públicos da Casa Branca —uma prática habitual— ignorou elementos que considerava importantes, como a o fato de Trump ter assegurado de que tinha gravações de Biden falando de corrupção ou a menção por parte de Zelenski do nome da companhia de gás Burisma Holdings. Vindman assinala que tratou infrutiferamente de corrigir essa transcrição