A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgou nesta semana um relatório em que aponta que 6 milhões de pessoas irão cair na pobreza extrema na região em 2019.
De acordo com a comissão, a América Latina "subestimou" a desigualdade social e econômica e o mal-estar popular, observado em protestos em países como o Chile.
"Por quase uma década, a Cepal colocou a igualdade como fundamento do desenvolvimento. Hoje constatamos novamente a urgência de avançar na construção de Estados de bem-estar baseados em direitos e na igualdade, que outorguem aos cidadãos acesso a sistemas universais de proteção social e a bens públicos essenciais, como saúde, educação de qualidade, habitação e transporte", diz o documento.
Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, acrescentou que a desigualdade na região é "estrutural" e se baseia em uma "matriz produtiva altamente heterogênea e em uma cultura do privilégio, palavra-chave para se entender o profundo descontentamento" popular.
Segundo ela, a redução da pobreza deu origem a um extrato médio que sofre com a "alta vulnerabilidade" e trabalhos precários. "Quando medimos a desigualdade, não captamos o 1% mais rico, então subestimamos a desigualdade na América Latina", ressaltou.
Bárcena ainda declarou que a cultura do privilégio "naturaliza" a desigualdade e a discriminação. De acordo com o relatório, 76,8% da população da região tem renda baixa ou média-baixa. Apesar disso, entre 2002 e 2017, a população de baixa renda caiu de 70,9% para 55,9%, enquanto o chamado extrato médio (incluindo médio-baixo) saltou de 26,9% para 41,1%.