França dobra valor de plano de apoio para salvar economia
O governo francês mais que dobrou nesta quinta-feira (09/04) o valor do seu plano de apoio econômico, a fim de limitar as consequências da recessão mais severa na França desde 1945, por causa do aumento da dívida interna e de déficits públicos no meio da pandemia de covid-19.
Em entrevista ao diário Les Echos, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, anunciou que este plano de apoio seria aumentado para € 100 bilhões de euros, ou mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), contra os € 45 bilhões inicialmente planejados, somando todas as medidas orçamentárias e dinheiro a favor de empresas.
"Esses números ainda podem mudar porque a situação e a necessidade de suporte comercial estão mudando rapidamente. Estamos fazendo de tudo para salvar nossos negócios", disse Bruno Le Maire.
O governo examinará na quarta-feira, durante o Conselho de Ministros, uma lei de finanças retificativa que assume uma contração de 6% do PIB este ano, o mais violento choque desde a Segunda Guerra Mundial, devido à epidemia de coronavírus.
Setores inteiros paralisados na França
Enquanto setores inteiros da economia estão paralisados na França, e à medida que os gastos públicos disparam, o déficit público deve atingir 7,6% do PIB este ano, especifica na mesma entrevista o ministro da Ação e Contas Públicas, Gérald Darmanin. Assim, o total representaria quase o dobro do déficit de 3,9% esperado em março, e superaria o recorde de 7,2% atingido pela França em 2009, durante a crise financeira global.
"Somente para o Estado, teremos mais de € 170 bilhões de euros em déficit orçamentário", acrescenta Gérald Darmanin, que agora espera uma queda de € 37 bilhões da receita tributária. Gastos excepcionais no sistema de saúde e suas equipes passarão de € 2 bi para € 7 bilhões.
Apoio a companhias aéreas e automotivas
O governo francês agora projeta uma dívida pública de 112% do PIB no final do ano, 14 pontos a mais do que havia sido planejado originalmente. Quanto à inflação, ela deve cair para 0,5% este ano devido à queda nos preços do petróleo.
Em relação ao apoio às empresas, Le Maire salienta que alguns setores como o turismo, a aeronáutica ou a indústria automotiva "necessitarão de planos específicos para o fim da crise".
"O Estado apoiará muito rapidamente a Air France, da forma mais adequada", acrescentou o ministro da Economia, estimando que as perdas da empresa "equivalem a vários bilhões de euros por mês".
Muitas empresas francesas se beneficiam de medidas governamentais para adiamentos e remessas de impostos e previdência social, um dispositivo que representa grande parte das despesas comprometidas desde o confinamento, a partir de 17 de março na França.
As empresas francesas também subscreveram amplamente ao dispositivo de financiamento estatal do desemprego parcial, que atinge, atualmente, a quase sete milhões de funcionários a um custo de mais de € 20 bilhões, mais que o dobro da estimativa inicial de € 8,5 bilhões, adiantados pelo governo em meados de março.