Foto: Jonathan Brady/AP Photo/picture alliance
De acordo com o jornal, Johnson esteve presente em pelo menos duas festas promovidas em Downing Street. Um dos eventos teria sido para os fotógrafos oficiais, outro para o ex-diretor de comunicação, James Slack. Este publicou um comunicado através da empresa News UK, para a qual atualmente trabalha como editor-adjunto.
Slack assumiu a responsabilidade por "algo que não deveria ter acontecido": "Quero me desculpar pela indignação e pela dor causada. Esse evento não deveria ter acontecido naquela época. Sinto muito e assumo total responsabilidade.”
Depois de se desculpar por uma reunião regada a comida e bebida com funcionários nos jardins da residência oficial em maio de 2020, Boris Johnson pediu perdão à rainha nesta sexta-feira, afirmando ser "profundamente lamentável” os eventos terem ocorrido "durante um período de luto nacional”.
Tanto em maio de 2020 quanto em abril de 2021, reuniões sociais ou celebrações estavam proibidas no Reino Unido, devido à pandemia de covid-19. A imagem da rainha Elizabeth 2ª sozinha, num banco da Catedral de São Jorge, em luto pela morte do marido, tornou-se icônica para os britânicos em meio à crise sanitária.
Pressão para deixar o cargo
A denúncia feita pelo jornal conservador Daily Telegraph, no qual Johnson já atuou como colunista, deixa a situação do premiê ainda mais delicada, tanto entre a classe política quanto para a opinião pública britânica. Ambos têm pressionado por sua renúncia.
Antes do encontro a que o primeiro-ministro esteve presente, em maio de 2020, o secretário Martin Reynolds enviou um e-mail, classificado como "sensível”, no qual convidava em torno de 100 funcionários do governo, pedindo para cada um "trazer suas próprias bebidas”. Em torno de 30 a 40 compareceram, apesar das restrições anticovid impostas na época.
Em debate no Parlamento, Johnson admitiu que esteve presente em um dos eventos, pensando tratar-se de uma reunião de trabalho, e não de uma festa. Ele ressalvou que, mesmo que fosse um encontro profissional entre funcionários, e que regras de distanciamento fossem respeitadas, milhões de cidadãos não concordariam com tal atitude. "Eu deveria ter mandado todos de volta para dentro", admitiu aos legisladores, pedindo "sinceras desculpas".
"Defesa tão ridícula que foi ofensiva"
A oposição e também alguns representantes do próprio Partido Conservador pedem sua saída imediata do cargo. O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, classificou a defesa de Johnson no Parlamento como "tão ridícula que, na verdade, foi ofensiva”.
Nas ruas, a popularidade do primeiro-ministro britânico também segue em queda principalmente desde dezembro, quando começaram as denúncias sobre festas em Downing Street.
Uma pesquisa da empresa YouGov mostra vantagem de dez pontos percentuais dos trabalhistas sobre os conservadores, a maior margem desde 2013. A mesma pesquisa apontou que seis em cada dez britânicos querem a renúncia de Johnson.
gb/av (AP,Reuters, Lusa,ots)