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O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, ao lado do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reiterou nesta segunda-feira (14/03) o pedido de cessar-fogo na Ucrânia. O conflito marcou a primeira visita oficial do líder alemão à Turquia. A relação bilateral dos dois países e de Ancara com a União Europeia (UE) também esteve na pauta do encontro.
"O presidente Erdogan e eu estamos de completo acordo que o violente conflito militar na Ucrânia precisa ser condenado e queremos ver um cessar-fogo o mais rápido possível", ressaltou Scholz e agradeceu Ancara pelo fechamento do estreito de Bósforo para navios de guerra.
A Turquia, país membro da Otan, mantem relações próximas tanto com a Rússia como a Ucrânia, e realizou recentemente uma reunião entre os ministros do Exterior dos dois países. O encontro não resultou em avanços concretos, mas os esforços diplomáticos ainda estão em andamento.
Scholz elogiou os esforços diplomáticos liderados pelo governo Erdogan. "Temos que assegurar que resultados sejam atingidos em breve, para que um cessar-fogo seja possível", afirmou numa coletiva de imprensa após o encontro com o presidente turco.
Ancara é um tradicional aliado de Kiev, ao mesmo tempo em que depende da Rússia para a importação de gás natural, além dos rendimentos obtidos com o turismo. A Turquia divide fronteiras marítimas com os dois países.
O governo turco classificou a invasão russa como "inaceitável", mas, ao mesmo tempo, se opôs às sanções ocidentais contra a Rússia, enquanto se oferecia para intermediar a crise. Kiev disse trabalhar com a Turquia e Israel como mediadores, para que seja elaborado um plano voltado para as conversações com Moscou.
Amizade e tensões
Alemanha e Turquia possuem fortes laços comerciais. Em 2021, o comércio bilateral rendeu mais de 41 bilhões de euros (quase 230 bilhões de reais). Mais de 3 milhões de descendentes de turcos vivem em solo alemão, o que gera uma forte aproximação entre os dois países.
Mas, as relações bilaterais vêm sofrendo alguns abalos. A Alemanha vê com olhar crítico as questões de direitos humanos na Turquia, como a prisão de jornalistas alemães e ativistas, além do ataque de Erdogan a líderes europeus. Scholz disse que espera que essas diferenças sejam superadas por meio de soluções mutuamente benéficas.
A Alemanha considera a Turquia um parceiro fundamental no controle do fluxo migratório rumo à Europa, uma vez que milhares de migrantes e refugiados tentam chegar ao continente através do território turco. Berlim também reconhece a posição estratégica de Ancara como parceiro na Otan.
Durante muitos anos, a Turquia pleiteou sua adesão como Estado-membro da UE, mas viu seus esforços bloqueados pelos países do bloco, em razão da situação dos direitos humanos no país e outras questões espinhosas.
Armas russas na Turquia
Mesmo sendo membro da Otan, a Turquia recebeu pesadas sanções dos Estados Unidos, após o país adquirir por conta própria, em 2017, sistemas de mísseis S-400 da Rússia. Apesar das críticas dos membros da Aliança, Ancara afirmou que teve de recorrer a Moscou, uma vez que os aliados não lhe ofereciam esse tipo de armamento em condições satisfatórias.
Erdogan não descartou uma nova compra de armamentos russos, dizendo que ainda é cedo demais para tomar uma decisão a esse respeito. Ele disse que seu país apoia a Ucrânia de uma maneira que os aliados da Otan não conseguem fazer, apesar de o país também manter seus laços com a Rússia.
"Nas atuais circunstâncias, seria prematuro falar agora sobre o que o futuro trará. Temos que ver quais serão as condições. Temos de manter nossa amizade com Zelenski e Putin", disse Erdogan.
rc/cn (Reuters, AFP, AP, dpa)