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Imprensa europeia repercute operação da PF contra Bolsonaro

Mai 04, 2023

Por DW Brasil                                                                                                                          

Foto: Eraldo Peres/AP/picture alliance

Die Tageszeitung (taz), Alemanha - Suspeito de viajar aos EUA com comprovantes falsos de vacinação, Bolsonaro sempre alegou não ser imunizado

Contendo as lágrimas, ex-presidente disse que não teve que apresentar documentação ao viajar aos EUA; se estiver mentindo, poderá ter problemas sérios com a Justiça, escreve o taz

A Polícia Federal esteve na manhã desta quarta-feira (3/5) em um bairro nobre de Brasília, onde revistou a casa de um cidadão especial da capital federal: Jair Bolsonaro. Entre os itens apreendidos pelos agentes está o celular do ex-presidente e extremista de direita. Ao longo do dia, um juiz também ordenou a apreensão provisória do passaporte dele.

Bolsonaro e alguns de seus parentes são suspeitos de terem usado passaportes vacinais fraudulentos para viajar aos Estados Unidos (EUA). As investigações miram uma suposta organização criminosa que teria inserido dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. Além da casa de Bolsonaro, agentes da PF revistaram outros imóveis e prenderam aliados do extremista de direita, entre eles o tenente coronel Mauro Cid Barbosa, braço direito de Bolsonaro durante seu governo.

(...) Bolsonaro teria viajado três vezes aos EUA no período investigado.

O ex-presidente minimizou publicamente os perigos da covid-19, referindo-se diversas vezes ao vírus que matou mais de 700 mil pessoas no Brasil como "gripezinha°. Bolsonaro é suspeito ainda de ter, por razões políticas, sabotado a compra de vacinas. (...)

Em entrevista à emissora de direita Jovem Pan, Bolsonaro afirmou, enquanto continha as lágrimas, que não teve que apresentar comprovante de vacinação ao viajar aos EUA. Caso esteja mentindo, poderá ter problemas sérios com a Justiça.

(...) Bolsonaro se vê confrontado por uma série de investigações por supostos crimes. E, desde que deixou a Presidência da República, já não goza mais de imunidade diante da Justiça. No final de abril, precisou depôr à PF, que o vê como possível "mentor intelectual” dos eventos de 8 de janeiro. Naquela data, apoiadores do ex-presidente invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, deixando um rastro de destruição por onde passaram. Durante seu governo, Bolsonaro espalhou mentiras sobre o sistema eleitoral e incitou seus apoiadores a aderirem a protestos antidemocráticos.

Bolsonaro voltou recentemente ao país depois de uma longa estadia nos EUA. A extrema-direita queria usar a alta popularidade dele para antagonizar com o governo Lula. Uma eventual condenação poderia prejudicar essas aspirações. Vários especialistas já contam com a perda dos direitos políticos de Bolsonaro, o que o deixaria inelegível.

The Guardian, Reino Unido - Bolsonaro tem mansão revistada e assessor preso; oposição reage com euforia

Ex-presidente deveria ter sido interrogado, mas, segundo relatos, recusou-se e entregou senha do celular a contragosto, escreve o The Guardian

(...) O ex-presidente deveria ter sido interrogado, mas, segundo relatos, recusou-se. Seu celular foi apreendido em sua residência em Brasília e ele, após resistir, foi obrigado a entregar a senha do aparelho.

(...) Bolsonaro foi reprovado internacionalmente por seu manejo imprudente e anti-científico da pandemia, que já causou mais de 700 mil mortes no Brasil.

(...) Na semana passada, Lula, que assumiu o cargo em janeiro, disse que Bolsonaro deveria ser julgado pelo "genocídio” da pandemia.

Adversários de Bolsonaro reagiram com euforia à operação.

"O Brasil era governado por um grupo de gângsters estilo Hollywood", tuitou o congressista de esquerda Guilherme Boulos.

 El País, Espanha - Negacionismo de ex-presidente atrasou compra e importação de imunizantes

Dados de vacinação de Bolsonaro estavam sob sigilo de cem anos, escreve o El País

Ao longo da pandemia, Bolsonaro sempre colocou em dúvida a segurança e eficácia das vacinas, chegando a espalhar boatos como estudos que as ligavam a um aumento de casos de HIV. Esse negacionismo (...) gerou grave atraso nas negociações para compra e importação de imunizantes (...). Bolsonaro sempre disse que não ia se vacinar, mas sempre houve dúvidas sobre o que ele fez na realidade. Em janeiro de 2021, o governo impôs um sigilo de cem anos sobre sua carteira de vacinação.

(...) Segundo a polícia, a manipulação dos documentos de vacinação servia ao objetivo de "manter coeso o elemento identitário em relação às suas diretrizes ideológicas e sustentar o discurso dirigido aos ataques à vacinação contra a covid-19”. O nome que a polícia deu à operação também está relacionado à incoerência do discurso de Bolsonaro: Venire contra factum proprium (ir contra seus próprios atos).

O Público, Portugal - Investigação soma-se a outros casos: joias sauditas, 8 de janeiro, morte de indígenas

Diferentemente de outros líderes mundiais, Bolsonaro não foi imunizado em público, escreve jornal português

(...) Os crimes investigados pela PF no âmbito destas acções incluem infracção de medidas sanitárias, associação criminosa, introdução de dados falsos e corrupção de menores.

(...) Apesar de vários pedidos, o ex-Presidente nunca revelou publicamente o seu boletim de vacinas nem foi visto a receber a vacina contra a covid-19, ao contrário de grande parte dos políticos brasileiros.

Em Fevereiro, a Controladoria-Geral da União, uma entidade de controlo e supervisão das agências públicas, confirmou a existência de um registo de vacinação que comprovava a administração do imunizante a Bolsonaro.

(...) Segundo o documento, Bolsonaro teria sido vacinado em maio de 2021, poucas semanas antes de viajar para os EUA, que na altura exigia a apresentação de certificado de vacinação, para participar numa cimeira.

(...) A investigação ao alegado falseamento dos registos de vacinas conhecida esta quarta-feira soma-se a vários outros casos judiciais que envolvem o ex-Presidente, como o das jóias sauditas, as acusações de genocídio contra povos indígenas e a possível participação como instigador dos actos violentos em Brasília a 8 de janeiro. (...)

ra

 

 

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