Foto: Juancho Torres/AA/picture aliiance
O destino de quatro crianças que estão há 17 dias desaparecidas após a queda de um avião monomotor no sul da Colômbia segue incerto nesta quinta-feira (18/05), depois que o presidente do país, Gustavo Petro, apagou um tuíte afirmando que os menores haviam sido resgatados.
Na quarta-feira, o líder colombiano tinha informado que as quatro crianças – de 13, 9 e 4 anos, além de um bebê de 11 meses – haviam sido encontradas com vida, graças às árduas buscas dos militares.
"Decidi excluir o tuíte porque as informações fornecidas pelo ICBF não puderam ser confirmadas. Sinto muito pelo que aconteceu. As Forças Armadas e as comunidades indígenas continuarão em sua busca incansável para dar ao país a notícia que tanto espera", escreveu Petro, citando o Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), responsável pela proteção de menores no país.
"Neste momento não há outra prioridade a não ser seguir em frente com a busca até encontrá-los. A vida das crianças é o mais importante", completou
Sem contato oficial
As quatro crianças do povo indígena uitoto desapareceram na selva amazônica após a queda, em 1º de maio, do pequeno avião Cessna 206. Elas viajavam com a mãe, de 33 anos, e outros dois adultos, cujos corpos foram encontrados no local do acidente.
Na quarta-feira, o ICBF comunicou ter recebido informações "de campo" de que as crianças tinham sido encontradas em bom estado de saúde. A nota do instituto indicava que as crianças foram localizadas, mas não pelas equipes de resgate. As Forças Armadas, que lideram as buscas, não confirmaram a localização.
Já nesta quinta, o ICBF retuitou a nova mensagem de Petro e reforçou que ainda não houve contato oficial com as crianças.
A diretora do órgão, Astrid Cáceres, disse que fontes locais relataram que as crianças estariam em uma comunidade indígena na região, mas que a informação ainda não pôde ser confirmada oficialmente. "Temos a esperança de que assim seja, mas estamos esperando a confirmação", afirmou Cáceres.
Petro ordenou nesta quinta-feira que a diretora do ICBF viaje à região para continuar as buscas pelas crianças.
Por sua vez, os familiares das crianças desaparecidas rejeitaram a desinformação que circulou sobre o resgate e pediram respeito diante das falsas expectativas que foram geradas.
"A saúde física e emocional não é um jogo que se apaga e/ou se esquece facilmente", afirma um comunicado das famílias divulgado pela mídia local.
O texto acrescenta: "A perseguição da mídia para dar declarações não apenas desrespeita nossos direitos, mas também é violenta e alimenta a dor".
Os parentes ainda agradeceram às entidades que ajudam nas buscas, e pediram que as causas do acidente sejam investigadas. "Solicitamos a todas as entidades competentes que realizem as devidas diligências e as investigações em curso para apurar as causas do acidente", conclui o comunicado.
Operação Esperança
Mais de cem militares, auxiliados por cães farejadores, estiveram empenhados nas buscas, que foram intensificadas após a descoberta de pistas que sugeriam que as crianças ainda podiam estar vivas.
A Força Aérea uniu-se à chamada Operação Esperança com três helicópteros, que sobrevoam a selva densa. Um deles carrega um alto-falante "capaz de cobrir uma área de cerca de 1.500 metros" com uma mensagem gravada pela avó das crianças. Na língua uitoto, a mulher diz aos netos que estão sendo procurados e pede que não continuem avançando pela selva.
A localização de uma tesoura escolar, uma fita de cabelo, uma mamadeira e a casca de um maracujá, no meio da mata, deu esperança às equipes de resgate, que, na terça-feira, também descobriram um abrigo improvisado feito de gravetos e galhos e acreditavam que haveria pelo menos um sobrevivente.
Causa do acidente desconhecida
O Cessna 206 havia desaparecido dos radares em 1º de maio nas proximidades de San José del Guaviare, capital do departamento de Guaviare e um polo urbano da selva amazônica colombiana, para onde deveria ir.
As causas do acidente ainda não foram determinadas. Segundo a defesa civil, o piloto havia relatado problemas no motor do avião antes de este desaparecer dos radares.
Segundo a Organização Indígena da Colômbia, os uitoto vivem em harmonia com as condições hostis da Amazônia e preservam tradições como a caça, a pesca e a coleta de frutas silvestres.
as,ek (Lusa, AFP, Efe, ARD, Reuters, ots)