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Putin tenta reafirmar autoridade sobre mercenários com juramento de lealdade

Ago 26, 2023

Por Ece Goksedef, na BBC News                                                                                     

 

Decreto é parte da tentativa de Putin de reafirmar autoridade, após motim do grupo Wagner em junho, dizem analistas - Foto: REUTERS

O presidente russo Vladimir Putin ordenou a todos os membros do grupo Wagner e de outras organizações militares privadas atuantes no país a prestarem juramento de lealdade ao Estado russo.

O decreto aplica-se a qualquer pessoa que participe em atividades militares na Ucrânia, auxilie o exército ou sirva em unidades de defesa territorial.

Ele assinou o decreto na sexta-feira (25/8), com efeito imediato.

Analistas sugerem que o decreto de Putin é parte de uma tentativa de reafirmar a autoridade dele após o motim do grupo Wagner em junho.

O decreto foi assinado dois dias após o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, ter sido considerado morto em um acidente de avião.

Grupo Wagner sem um líder óbvio

No sábado, uma subunidade de extrema direita do grupo Wagner, conhecida como Rusich, informou que está interrompendo operações militares na Ucrânia.

Numa postagem no Telegram, o subgrupo Rusich acusou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia de não proteger um membro fundador do grupo, Yan Petrovsky, que foi preso na Finlândia por violações de visto e enfrenta extradição para a Ucrânia.

O decreto surge num momento em que os mercenários do grupo Wagner não têm um líder óbvio, após um avião que supostamente transportava Prigozhin e outros líderes ter caído na quarta-feira (23/8), matando todas as 10 pessoas a bordo.

Descrito no decreto como "um passo para construir as bases espirituais e morais da defesa da Rússia", o juramento inclui a promessa de seguir "rigorosamente as ordens dos comandantes".

"É uma mensagem oculta à inteligência militar [russa] para encontrar e processar os combatentes do Wagner", diz Petro Burkovskyi, que dirige a Fundação de Iniciativas Democráticas, instituto com sede na Ucrânia, à BBC.

E é uma mensagem clara também para os combatentes, sugere ele: "Ou faça o juramento e mantenha as armas ou desarme-se. Você obedece ou vai para a prisão."

Algumas semanas antes da revolta fracassada de Prigozhin em junho, o Ministério da Defesa russo deu aos grupos mercenários até 1º de julho para assinarem contratos militares.

Prigozhin recusou-se a assinar porque não queria que o grupo Wagner operasse sob o ministério.

Putin apoiou o esquema de contrato do ministério, que foi o primeiro golpe público contra o seu aliado de longa data, Prigozhin.

A disputa escalou, levando ao motim de Prigozhin.

Mas que efeito terá o decreto sobre os combatentes de Wagner sem um líder óbvio?

Burkovskyi avalia que, como prestadores de serviços experientes, eles são bons ativos para o exército russo.

"Eles escolheram o Wagner porque [o grupo] lhes deu tratamento especial, sem a burocracia do enorme exército russo. Se receberem tratamento especial sob as ordens de Putin, não creio que se preocupem com onde, contra quem e por quem irão lutar."

Natia Seskuria, do Royal United Services Institute, acredita que, embora o decreto possa ter um efeito a curto prazo, há apoiadores leais de Prigozhin que não prestarão o juramento.

"Isto pode potencialmente criar problemas para Putin numa perspectiva de longo prazo", afirma.

Enquanto isso, as defesas aéreas russas impediram ataques de drones nas regiões de Moscou e Belgorod na manhã deste sábado, disseram autoridades.

Na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, quatro pessoas ficaram feridas em bombardeios, segundo o governador local.

O governo ucraniano quase nunca admite publicamente a realização de ataques dentro da Rússia.

Na Ucrânia, duas pessoas morreram e uma ficou feridas quando a Rússia bombardeou uma aldeia ucraniana perto da cidade de Kupiansk, no nordeste, disse o governador regional de Kharkiv.

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