Palestinos se reúnem na passagem de fronteira de Rafah com o Egito - Foto: Reuters
Palestinos têm se reunido na fronteira de Rafah com o Egito, no sul da Faixa de Gaza, na esperança de partir antes de uma possível ofensiva terrestre israelense.
Segundo o governo brasileiro, 28 brasileiros e palestinos que vivem no Brasil – dos quais 14 crianças, 8 mulheres e 6 homens adultos – aguardam para serem retirados de Gaza por essa passagem.
A imprensa americana informou que a fronteira seria aberta para a saída de cidadãos com dupla nacionalidade e entrada de ajuda humanitária, sem fornecer horários.
No entanto, a passagem permanece fechada nesta segunda-feira (16/10).
O que é a travessia de Rafah?
É o posto de saída mais ao sul de Gaza e faz fronteira com a península egípcia do Sinai.
Existem apenas duas outras passagens fronteiriças de e para a Faixa de Gaza – Erez, uma passagem para Israel para pessoas no norte de Gaza, e Kerem Shalom, uma junção com Israel exclusivamente comercial para mercadorias no sul de Gaza. Ambas estão fechadas.
Por que isso é importante agora?
Homens armados do grupo palestino Hamas, que governa Gaza, atacaram a passagem de Erez em 7 de outubro, durante um ataque sem precedentes ao sul de Israel, que matou mais de 1.300 pessoas.
Dias depois, Israel declarou Erez e Kerem Shalom fechadas até novo aviso, deixando a fronteira de Rafah como a única entrada e saída da Faixa para pessoas.
Rafah é agora também o único ponto de passagem para ajuda humanitária.
Na semana passada, o Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio disse que estava direcionando voos de ajuda internacional a Gaza para o aeroporto de El-Arish, no norte do Sinai, e dezenas de caminhões que transportam combustível e itens humanitários estão estacionados no lado egípcio da passagem de Rafah.
Hamas e Egito exercem controle sobre quem pode passar, mas as operações foram interrompidas desde que Israel começou a conduzir ondas de ataques aéreos a Gaza em retaliação ao ataque do Hamas.
A imprensa egípcia diz que a passagem foi fechada após três ataques israelenses em 9 e 10 de outubro, que teriam deixado feridos nos lados egípcio e palestino da fronteira.
Em 12 de outubro, o governo egípcio pediu a Israel que suspendesse os ataques perto da passagem fronteiriça de Rafah, para que ela pudesse servir como uma "linha de apoio" às pessoas em Gaza, e deixou claro que não abriria a passagem até que houvesse garantias de segurança do seu pessoal.
Outros países também estão se envolvendo para tentar garantir uma passagem segura através de Rafah, tanto para os titulares de passaportes estrangeiros em Gaza, como para a ajuda humanitária.
O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, e o norte-americano, Antony Blinken, disseram estar trabalhando com Israel, Egito e "outras vozes políticas importantes na região" para reabrir a passagem.
Na semana passada, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que os cidadãos norte-americanos estavam sendo instruídos a se deslocarem em direção a Rafah porque "pode haver muito pouco aviso prévio se a passagem abrir e ela só poderá abrir por um tempo limitado".
Na segunda-feira, multidões reuniram-se em Rafah após relatos de que a passagem seria reaberta temporariamente durante um breve cessar-fogo, mas tanto Israel como o Hamas negaram rapidamente.
Os dois países afirmam que o bloqueio é necessário por razões de segurança.
Como parte da resposta ao ataque do Hamas, o ministro da Defesa de Israel ordenou um "cerco completo" a Gaza em 9 de outubro, acrescentando: "Não haverá eletricidade, nem alimentos, nem combustível, está tudo fechado".
Embora o Egito pareça estar preparado para reabrir a passagem de Rafah para permitir a saída de portadores de passaportes estrangeiros e a entrada de ajuda humanitária, receia um fluxo maciço de refugiados palestinos em fuga da guerra.
O presidente do Egito alertou em 12 de outubro que um êxodo de Gaza arriscava "liquidar" a causa palestina e apelou aos palestinos para "permanecerem firmes em suas terras".
Há também preocupação com a possibilidade de extremistas entrarem no país, tendo enfrentado uma insurgência jihadista no Sinai durante quase uma década.
Como é normalmente utilizada a passagem de Rafah?
Não é fácil para os palestinos deixar Gaza via Rafah.
Palestinos que pretendam utilizar a travessia devem registar-se junto às autoridades locais com duas a quatro semanas de antecedência e podem ter seus pedidos rejeitados pelas autoridades palestinas ou egípcias com pouco aviso ou explicação.
Segundo as Nações Unidas, em agosto de 2023, as autoridades egípcias permitiram 19.608 saídas de Gaza e negaram a entrada a 314 pessoas.