]Lula e Macron divergiram sobre acordo UE-Mercosul - Foto: Twitter Emmanuel Macron
Na sequência do giro internacional que incluiu a Arábia Saudita, Catar, com participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega neste domingo (3) a Berlim. Será o primeiro encontro bilateral liderado por Lula após o Brasil ter assumido a presidência rotativa do G-20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, na sexta-feira (1º).
A visita de três dias à capital da Alemanha representa – assim como as demais 14 viagens de Lula neste ano – uma retomada nas relações internacionais e de protagonismo do Brasil após o governo de Jair Bolsonaro, cujo chanceler, Ernesto Araújo, chegou a afirmar que “é bom ser pária” mundial.
Especialmente com a Alemanha, a relação bilateral ficou em suspenso durante o governo anterior, principalmente devido à questão ambiental. Agora, o país retomou as doações para o Fundo Amazônia, tendo desembolsado em outubro R$ 110 milhões (20 milhões de euros), de um total de 35 milhões de euros anunciados no início do ano. Somente a Noruega já realizou doação mais vultosa ao fundo de preservação da floresta.
Além dos acordos sobre meio ambiente, deverá estar na pauta do encontro de Lula com o chanceler alemão Olaf Scholz o acordo comercial União Europeia-Mercosul, que é tema de embate com o presidente francês Emmanuel Macron.
Isso porque Macron mostrou, no sábado (2), mesmo após encontro com Lula, trabalhar contra o acordo. “Não posso pedir aos nossos agricultores, aos nossos industriais na França, e em toda a Europa, que façam esforços para descarbonizar, para sair de certos produtos, e depois dizer que estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras”, afirmou.
Logo em seguida, Lula atribuiu a declaração ao tradicional protecionismo francês e, neste domingo (3), ao embarcar para Berlim, rebateu. “Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais”.
Na Alemanha, além de jantar neste domingo com Olaf Scholz, estão previstos encontros com lideranças políticas e empresariais, como o presidente Frank-Walter Steinmeier, na segunda-feira (4), e participação em conferência de fundação ligada ao Partido Social-Democrata (SPD).
Brasil na OPEP+
Também durante a COP28, o presidente Lula confirmou que o Brasil vai participar da Organização dos Países Produtores de Petróleo Plus (Opep+), que reúne grandes produtores de petróleo mais os seus aliados. O objetivo é poder influenciar na transição energética, que pretende substituir o consumo de combustíveis fosseis por energia renovável para reduzir o aquecimento do planeta.
“Acho importante a gente participar porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis, e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram com o petróleo e fazer investimentos, para que os continentes Africano e a América Latina possam produzir os combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo o hidrogênio verde”, disse o presidente. “Porque se não criar alternativa a gente não vai poder dizer que vai acabar com combustível fóssil”, explicou.
Criada em 1960, a Opep atualmente tem 13 membros, entre eles, Arábia Saudita, Venezuela, Iraque, Irã, Kuwait, Nigéria e Angola. Já a Opep+ reúne outros dez países aliados dos membros permanentes, entre eles Rússia, México, Malásia e Sudão.
Com Agência Brasil