O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, declarou nesta segunda-feira (16/11) que o seu país tem risco de ser alvo de novos ataques "nos próximos dias ou semanas"
"Vamos viver por muito tempo com esta ameaça, e precisamos estar preparados", alertou Valls em entrevista à rádio francesa RTL, acrescentando que os atos foram "organizados, pensados e planificados a partir da Síria".
Em meio ao estado de emergência — que Hollande planeja ampliar por três meses — as autoridades realizaram 168 operações durante esta madrugada e colocou 104 pessoas em prisão domiciliar. "É apenas o começo", comentou o ministro do interior, Bernard Cazaneuve.
A declaração vem após uma onda de atentados que ocorreu na sexta-feira (13/11) na capital francesa e que matou ao menos 129 pessoas e deixou outras 352 feridas, segundo o último balanço oficial. Essas ações, que incluíram tiroteios e homens-bomba, ocorreram em ao menos seis localidades diferentes de Paris — entre elas, o Stade de France e a casa de shows Bataclan — e foi reivindicada pelo Estado Islâmico no sábado (14/11).
Identificação de suspeitos
As autoridades francesas e belgas lançaram no fim de semana uma operação conjunta para investigar os suspeitos dos atentados em Paris. Segundo novos dados divulgados nesta manhã pela promotoria da capital francesa, foram identificados seis dos sete terroristas que participaram das ações coordenadas na sexta-feira.
Estima-se que o mentor dos atentados seja o o belga de origem marroquina Abdelhamid Abaaoud, 28. Segundo a Reuters, Abaaoud estaria atualmente na Síria. Ele morava no bairro de Molenbeek, na capital, Bruxelas, e está desaparecido desde janeiro, quando a célula terrorista da qual era líder foi desmantelada, dias após o ataque na sede de Charlie Hebdo. Atualmente, Molenbeek é a principal distrito investigado pelas autoridades dos dois países.
De acordo com a promotoria de Paris, um dos suicidas que atuou no Stade de France é Ahmad Al Mohammad, nascido na Síria em 10 de setembro de 1990. Em Bataclan, um dos agressores responsáveis pela morte de mais de 80 pessoas é Samy Amimour, nascido em 15 de outubro de 1987 em Paris. A França já havia lançado um mandato de detenção internacional.
No domingo, as autoridades já haviam identificado Ibrahim Abdeslam, Bilal Hadfi e Ismael Omar Mostefai. Todos têm nacionalidade francesas, mas Abdeslam e Hadfi viviam na Bélgica. Na tarde de ontem, foi divulgada a foto de Salah Abdeslam, irmão de Ibrahim, que está foragido. Ele pode ter alugado um dos carros usados nos ataques, encontrado no subúrbio de Paris com um arsenal de fuzis.
Resposta na Síria
Conforme os governos da França e dos EUA já haviam sinalizado, caças franceses bombardearam na noite de domingo (15/11) o reduto do EI em Raqqa, no leste da Síria, destruindo um posto de comando e um campo de treinamento. "O ataque, que incluiu 10 caças, foi lançado simultaneamente dos Emirados Árabes Unidos e da Jordânia. Vinte bombas foram lançadas", informou o ministério da Defesa em comunicado.