Em meio a um plenário vazio e sob vaias, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursou na Assembleia Geral da ONU, nesta sexta-feira (27). Na ocasião, ele afirmou que seu país “está vencendo a guerra contra o Hamas” na Faixa de Gaza, e que, apesar de buscar a paz, “enfrentará os inimigos até o fim”.
Antes mesmo do premiê começar a falar, dezenas de membros de delegações estrangeiras abandonaram o plenário da ONU. De maneira geral, somente os Estados Unidos, países europeus e a África Subsaariana presenciaram o discurso. Além disso, as vaias contra Netanyahu invadiram o espaço e o presidente da sessão teve de pedir silêncio.
Segundo o israelense, independente dos prejuízos da tensão elevada no Oriente Médio e do sofrimento de civis palestinos e árabes, a operação militar na Faixa de Gaza prosseguirá, assim como a ofensiva no Líbano.
"Israel busca a paz, torce pela paz, e vai tornar a fazer a paz. No entanto, enfrentamos um inimigo selvagem e precisamos combatê-lo“, disse. “Estamos defendendo vocês contra um inimigo comum que ameaça nosso modelo de vida“, prosseguiu. “Se vocês atacarem a gente, nós te atacaremos“, afirmou, em referência ao Irã.
Vitimismo
Em meio as declarações e protestos de outros líderes mundiais na Assembleia Geral contra a manutenção da guerra no Oriente Médio, o israelense pressionou o ocidente e afirmou que é vítima de “antissemitismo”, suposta situação que fez com ele ficasse em dúvida sobre sua participação no quarto dia do evento.
“Eu não pretendia vir aqui este ano. Meu país está em guerra, lutando por sua sobrevivência. Mas depois de ouvir mentiras e calúnias contra meu país neste púlpito, resolvi vir“, pontuou.
Faixa de Gaza
Em relação aos ataques contra Gaza, o premiê afirmou estar “pronto para apoiar uma administração civil local comprometida com a paz” e que, em quase um ano de confrontos, Israel já dizimou “mais da metade dos 40.000 soldados do Hamas“.
Netanyahu encerrou seu pronunciamento bradando o lema hebraico “Am Yisrael Chai“, que significa “O povo de Israel vive“. O termo faz parte de um hino que ganhou popularidade com a fundação do Student Struggle for Soviet Jewry, um movimento pelos direitos dos judeus na União Soviética fundado nos Estados Unidos em 1964. Apesar de originalmente fazer menção à perseverança do povo judeu em relação a todos desafios enfrentados ao longo de sua história, a ocupação israelense utiliza a frase como uma expressão de auto-afirmação de seu projeto de Estado.