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O impasse diplomático entre Israel e Hamas permanece inalterado. Apesar de novos esforços de mediação por parte do Egito, do Catar e dos Estados Unidos, as tratativas por um cessar-fogo enfrentam entraves considerados intransponíveis por ambas as partes.
A proposta mais recente prevê uma trégua temporária de 45 dias, com trocas de prisioneiros e o reinício da ajuda humanitária, mas a exigência israelense de desarmamento do Hamas e a recusa em se comprometer com a retirada das tropas têm inviabilizado qualquer avanço concreto.
Segundo documentos obtidos pela agência Reuters, a proposta israelense inclui a libertação de dez reféns vivos em troca de 120 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua, além de mais de mil detentos capturados desde 7 de outubro de 2023.
Prevê ainda o retorno da ajuda humanitária, abertura de corredores para reconstrução e o início de negociações indiretas para encerrar a guerra. O Hamas, porém, rejeitou a condição imposta por Israel de entregar suas armas, classificando-a como uma “linha vermelha”.
Para o Hamas, qualquer trégua que não inclua a retirada completa das tropas, o fim do bloqueio e o compromisso com a reconstrução do enclave equivale a uma armadilha política.
“Qualquer proposta que não traga garantias reais de fim da guerra será uma armadilha”, afirmou o grupo em comunicado. A organização também nega que esteja disposta a negociar a desmilitarização da Faixa de Gaza.
Enquanto as negociações diplomáticas estagnam, Israel segue ampliando sua presença militar no enclave. Segundo o ministro da Defesa, Israel Katz, o Exército israelense manterá uma “zona de segurança” permanente dentro de Gaza, mesmo em caso de cessar-fogo.
De acordo com suas declarações, mais de 20% do território já está sob ocupação direta das Forças de Defesa de Israel (FDI), incluindo regiões como Rafah, Khan Younis, Netzarim e Shejaia.
Katz comparou o modelo à presença israelense em partes do sul do Líbano e nas Colinas de Golã, reafirmando que a prioridade é garantir um cordão de isolamento entre Gaza e as comunidades israelenses. Ele também defendeu a permanência do bloqueio à ajuda humanitária, embora tenha afirmado que Israel está desenvolvendo infraestrutura para permitir a distribuição futura de suprimentos por empresas civis.
A crise humanitária, no entanto, continua se agravando. Desde a retomada da ofensiva em 18 de março, mais de 1.600 palestinos foram mortos, elevando o total para mais de 51 mil vítimas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
A ONG Médicos Sem Fronteiras afirmou que Gaza se tornou uma “vala comum”, com hospitais paralisados por falta de combustível, medicamentos e água potável. O bloqueio também impede o acesso de alimentos e agrava a situação de centenas de milhares de deslocados internos.
Em paralelo, o impasse sobre os reféns permanece no centro da crise. A proposta atual prevê que, após a primeira troca, o Hamas forneça provas de vida dos reféns restantes e entregue os corpos dos mortos. Em troca, Israel devolveria os corpos de palestinos detidos.
Um gesto simbólico incluído na proposta seria a liberação imediata do soldado israelo-americano Edan Alexander como sinal de boa vontade com os Estados Unidos. No entanto, o Hamas afirma ter perdido contato com o grupo que o mantinha sob custódia após um ataque israelense.
Diante do impasse, a possibilidade de uma trégua sustentada parece remota. Com a manutenção das exigências máximas de ambos os lados e a intensificação da ofensiva israelense, a diplomacia regional segue sem capacidade de mediar uma saída realista para o conflito.
O destino dos reféns, da população civil de Gaza e da própria estabilidade regional seguem suspensos sob o peso de uma guerra sem horizonte de encerramento.