Foto: Vaticano News
O Vaticano elegeu nesta quinta-feira (8) o primeiro papa americano da história: o cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, nascido em Chicago, nos Estados Unidos. Ele escolheu o nome de papa Leão XIV e representa um ponto de equilíbrio entre as alas progressista e conservadora da Igreja Católica, segundo especialistas.
Falando fluentemente espanhol e italiano, Prevost viveu por duas décadas no Peru, onde foi bispo e se naturalizou cidadão. Também ocupou cargos de destaque no Vaticano e liderou a Ordem de Santo Agostinho — uma trajetória que o projetou como nome viável, mesmo contrariando a sabedoria convencional de que um papa vindo dos EUA era improvável.
Leão XIV se destaca pelo compromisso com os pobres, com os migrantes e com uma Igreja mais próxima do povo, seguindo parte da linha pastoral de Francisco. “O bispo não deve ser um pequeno príncipe em seu reino, mas alguém humilde e próximo dos fiéis”, declarou em entrevista ao site oficial do Vaticano.
Apesar do perfil reservado e discreto — bem diferente do estilo espontâneo de Francisco —, Prevost é visto como defensor do processo sinodal, que busca ampliar a participação de leigos nas decisões e consultas da Igreja.
Apesar da postura moderada, o novo papa já demonstrou posições conservadoras em temas como gênero e população LGBTQIAPN+. Em 2012, criticou o que chamou de “simpatia da mídia” por práticas contrárias ao Evangelho, citando explicitamente “o estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas”.
Como bispo, também se opôs à inclusão da temática de gênero no currículo escolar do Peru, argumentando que a chamada “ideologia de gênero” confundia os jovens.
A atuação de Leão XIV em casos de abuso sexual na Igreja tem sido alvo de críticas. Uma mulher o acusa de falhas na condução de investigações contra padres durante seu episcopado no Peru. A diocese afirma que o processo foi aberto e depois arquivado pelo Vaticano, mas que a apuração foi reaberta após sua saída.
Amigos e colegas afirmam que o novo papa prefere agir com cautela e medir bem suas palavras. “Ele é sereno. Enquanto Francisco fala o que pensa de imediato, Prevost se contém”, afirmou o padre Alejandro Moral Antón, que o sucedeu na liderança da ordem agostiniana.