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Obama volta a pedir fim do bloqueio a Cuba

Jan 14, 2016

Por Ópera Mundi                                  

 

 

O presidente dos EUA, Barack Obama, em seu último discurso do Estado da União, na terça-feira à noite (12/01), pediu ao Congresso que acabe com o bloqueio econômico e financeiro imposto à ilha comunista: "os cinquenta anos isolando Cuba falhou em promover a democracia, nos atrasou na América Latina. Por isso restauramos as relações diplomáticas, abrimos as portas para o turismo, nos colocamos de maneira a melhorar as vidas dos cubanos", disse o mandatário.

Obama já havia solicitado ao Congresso o fim da medida durante discurso na ONU, no final do ano passado, quando, pela primeira vez na Assembleia Geral, o líder cubano Raúl Castro denunciou os impactos sofridos por causa do bloqueio, em vigor desde desde 1962, e que só pode ser suspenso por ação do Congresso norte-americano, com maioria republicana.

Com relação a uma de suas promessas de campanha ainda não cumpridas, o líder norte-americano também ressaltou a importância de se fechar a prisão da base naval de Guantánamo.

Ainda sobre questões da política exterior, Obama reforçou que as Forças Armadas norte-americanas são uma das melhores do mundo e criticou comentários que, segundo ele, acabam por enaltecer os esforços de grupos extremistas, em especial o Estado Islâmico. "Enquanto focamos em destruir o EI, alegações exageradas que dizem que esta é a Terceira Guerra Mundial são somente favoráveis a eles". E destacou os casos de violência em território norte-americano: "Militantes nas traseiras de caminhões, almas tortas que planejam ataques em apartamentos e garagens, são um enorme perigo a civis, devem ser detidos, mas não ameaçam nossa existência como nação”, argumentou.

Política norte-americana

Obama classificou a polarização entre partidos no país como um de seus maiores arrependimentos como chefe de governo do país e pediu à população uma reforma política: “este é um dos maiores arrependimentos da minha presidência — que o rancor e a desconfiança entre partidos piorou ao invés de melhorar”, disse.

Ele chegou a dizer, ainda, que vai tentar desfazer essa polarização enquanto for presidente. “Mas meus companheiros norte-americanos, esta não pode ser uma tarefa só minha — ou somente de qualquer outro presidente”, argumentou. “Isto significa que se quisermos uma política melhor — e agora eu me dirijo ao povo norte-americano — não é suficiente apenas mudar um congressista ou um senador ou até o presidente. Nós temos que mudar o sistema para que ele reflita o melhor de nós mesmos”.

Para a reforma política, Obama sugeriu, por exemplo, o fim da prática de congressistas escolherem seus distritos, visto que é uma prática em que “os políticos escolhem seus eleitores e não ao contrário”.

“Mudanças no nosso processo político — não apenas em quem é eleito, mas em como é eleito — só vão acontecer quando o povo demandar. Depende de vocês. É isto que significa um governo do, pelo e para o povo”, reforçou o presidente.

Ele ainda afirmou que sabe que o que está sugerindo é difícil, “mas se desistirmos agora estaremos abandonando um futuro melhor”.

Quatro questões

Obama ainda abordou quatro grandes questões que, de acordo com ele, devem ser respondidas, “independentemente de quem for o próximo presidente”. As eleições no país serão realizadas em novembro.

“Primeiro, como dar a todos uma chance justa à oportunidade e segurança nesta nova economia? Segundo, como fazemos a tecnologia trabalhar a nosso favor e não contra nós? Terceiro, como mantemos a América segura e lideramos o mundo sem nos tornarmos seu policial? E finalmente, como podemos fazer com que nossa política reflita o que há de melhor em nós mesmos e não o pior?".

Apesar de não oferecer respostas diretas a nenhuma das quatro questões e de propor medidas que ele, admitidamente, não conseguirá cumprir totalmente durante o ano que lhe resta na Casa Branca, Obama fez algumas observações otimistas ao descartar os boatos de que a economia do país não anda bem, afirmando apenas que ela está mudando e, por isso, causa desconforto.

No mesmo tom, Obama disse querer aumentar o salário mínimo e tornar a faculdade acessível para todos — coisas que ele se propôs resolver ainda neste ano. Ele também colocou sob responsabilidade do presidente do Congresso, Paul Ryan, a questão da pobreza no país.

Ele propôs também que a tecnologia seja usada para descobrir a cura do câncer — missão que ficará a cargo do vice-presidente, Joe Biden — e para solucionar mudanças climáticas. Para tanto, ele também disse confiar no espírito inovativo do povo. 

Ele afirmou que a população não pode “se deixar levar pelo medo” e atribuir a ação de pessoas más a toda uma religião e um povo — fazendo menção indireta ao posicionamento do pré-candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump.

O líder democrata encerrou seu discurso dizendo acreditar em mudanças por acreditar no povo do país: “e é por isso que eu estou de pé aqui, mais confiante do que nunca, de que o Estado de nossa União é forte”.

 

 

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