Arábia Saudita, Qatar, Venezuela e Rússia decidiram nesta terça-feira (16/02) congelar a produção de petróleo aos níveis de janeiro, em uma tentativa de valorizar o preço do barril, cuja cotação é a mais baixa em 12 anos. Juntos, os quatro países produziram 24,2 milhões de barris por dia no primeiro mês do ano, o equivalente a 25% da produção global.
“Nós não queremos oscilações significantes nos preços. Não queremos reduzir o fornecimento. Nós queremos atender à demanda e queremos um preço estável para o petróelo”, disse o ministro do Petróleo saudita, Ali al-Naimi, após a reunião, feita a portas fechadas em Doha.
O anúncio marca o primeiro acordo entre membros da Opep (Organizações dos Países Exportadores de Petróleo) e países não membros em 15 anos.
“A decisão é o começo de um processo que nós avaliaremos nos próximos meses e decidiremos se serão necessários outros passos para estabilizar o mercado”, disse Naimi.
O grupo vai tentar incluir Irã e o Iraque ao acordo em um encontro já nesta quarta-feira (17/02). Os dois países do Oriente Médio, contudo, já haviam resistido à ideia de congelar a produção, proposta na última reunião da Opep, da qual fazem parte, em dezembro do ano passado.
Entretanto, como informou o ministro da Energia da Rússia, a obediência ao acordo está condicionada à participação de outros países.
A medida foi criticada por empresas produtoras, como a russa Rosneft, maior do país, cujo diretor executivo, Igor Sechin, questionou o congelamento. “Me diga quem irá congelar a produção? A Arábia Saudita? O Irã? O México? O Brasil? Quem irá congelar?”, questionou.
Crise do preço do petróleo
O barril de petróleo se desvaloriza desde 2014, muito por conta do excesso de oferta. O preço está 70% abaixo do pico de 2014, e foi cotado nesta terça a cerca de US$ 37 (aproximadamente R$ 147), segundo a bolsa de valores norte-americana Nasdaq.
Em janeiro, o barril chegou a ser cotado em US$ 25 (cerca de R$ 100).
O atual presidente da Opep, o nigeriano Emmanuel Ibe Kachikwu, já havia dito no mês passado que convocaria uma reunião extraordinária da organização caso o preço chegasse a US$ 35 (R$ 139), por barril. De acordo com estimativas de vários bancos de investimento, como o Goldman Sachs e o Bank of America, o barril pode chegar a custar US$ 20 (R$ 79), se o dólar se mantiver valorizado frente a outras moedas internacionais.