A Justiça argentina declarou culpados, nesta sexta-feira (27/05), 15 oficiais por participação na Operação Condor, cooperação entre regimes autoritários da América do Sul entre as décadas de 1970 e 1980 para combate à “subversão” nos países.
O tribunal de Buenos Aires condenou o último presidente do período ditatorial do país, Reynaldo Bignone (1982-1983), a 20 anos de prisão por crimes de lesa-humanidade. O ex-mandatário de 88 anos atualmente cumpre pena em uma penitenciária por diveros delitos.
Além dele, outros 16 militares - 15 argentinos e um uruguaio, o coronel Manuel Juan Cordero - foram julgados por sequestro, tortura e desaparecimento forçados. Catorze foram condenados e receberam penas que variam entre oito e 25 anos de prisão, incluindo Cordero, pela privação ilegítima de liberdade do filho e da nora do poeta uruguaio Juan Gelman. Dois militares foram absolvidos.
Os fundamentos da sentença serão conhecidos em 9 de agosto.
Cerca de 220 testemunhas foram ouvidas durante os três anos de audiências, das quais 133 participaram a partir do exterior, por meio de videoconferências.
Do total de 105 vítimas da Operação Condor que integram esse processo, iniciado há 17 anos, há 45 uruguaios, 22 chilenos, 15 paraguaios, 13 bolivianos e 10 argentinos.
A Operação Condor foi uma rede de repressão política e troca de prisioneiros formada pelos serviços de inteligência das ditaduras do Cone Sul (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai), que perdurou entre as décadas de 1970 e 1980.
Em entrevista à Agência Brasil, a advogada do Cels (Centro de Estudos Legais e Sociais) da Argentina, Luz Palmas Zaldua, afirmou que “o julgamento é histórico” por causa de seu alcance regional. “É a primeira vez que julgamos um sistema criminal, armado para fazer desaparecer pessoas, em vários países”, afirmou.