A polícia francesa reprimiu nesta terça-feira (17/05) manifestações de centrais sindicais e organizações estudantis em várias cidades do país contra o projeto de reforma trabalhista do governo do presidente francês, François Hollande. Esse foi o primeiro dia de uma jornada de protestos que deverá se estender durante toda a semana no país.
Em Paris, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra os manifestantes, que realizavam um protesto no centro da cidade. De acordo com a CGT (Confederação Geral do Trabalho), 55 mil pessoas participaram da manifestação, enquanto a polícia estima entre 11 mil e 12 mil. Doze pessoas foram presas, de acordo com a polícia.
Em Nantes, no oeste da França, a polícia também usou gás lacrimogêneo, jatos d’água e spray de pimenta para dispersar a manifestação que contou com pelo menos 7 mil pessoas, segundo os organizadores.
Foram registrados também confrontos durante atos em Rennes, Lyon e Bordeaux.
Em toda a França, de acordo com as autoridades, 68 mil pessoas participaram dos protestos e 87 foram presas. Já os organizadores afirmam que mais de 220 mil foram às ruas.
Os trabalhadores também realizaram paralisações e bloqueios de estradas. A agência de notíciasFrance Press informou que nesta manhã 3 mil pessoas, segundo fontes sindicais, paralisaram o porto de Le Havre, no noroeste, e suas zonas portuária e industrial.
Na quinta-feira (19/05) está programada uma greve de controladores do tráfego aéreo.
Essa é a sexta grande manifestação nacional de trabalhadores e estudantes em pouco mais de dois meses contra o projeto de lei que propõe alterações na legislação trabalhista do país.
Em 10 de maio, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, anunciou a decisão do governo de invocar um artigo na Constituição para impor a reforma trabalhista sem a necessidade de que a matéria seja votada no Parlamento. O texto segue agora para o Senado.
Nesta terça-feira, Hollande voltou a afirmar que o governo não irá ceder. "Essa lei que está sendo discutida, também nas ruas, passará. Não cederei. Muitos governos cederam e essa é a causa das condições em que nós encontramos o país em 2012. Ela foi discutida, ajustada, corrigida e emendada: os sindicatos reformistas apoiam o texto e a maioria dos socialistas [membros de seu partido] votou nele", disse Hollande em entrevista à emissora Europe 1.
Alterações
Um dos principais pontos do projeto é alterar a jornada de 35 horas de trabalho semanais. O limite seria oficialmente mantido, mas será permitido às companhias organizar horas de trabalho alternativas — como trabalhar de casa — o que, no final, poderia resultar em até 48 horas de trabalho por semana. Em “circunstâncias excepcionais”, o limite poderá ser de até 60 horas por semana.
Além disso, a proposta permite que as empresas deixem de pagar as horas extras aos funcionários que trabalharem mais de 35 horas por semana, recompensando-os com dias de folga.