O procurador-geral da França, François Molins, declarou nesta quinta-feira (21/07) que o ataque em Nice, que deixou 84 pessoas mortas e mais de 200 feridas no Dia da Bastilha (14/07), foi planejado durante meses pelo autor, que foi morto pela polícia na ocasião, e mais cinco supostos cúmplices, que foram detidos hoje pelas autoridades francesas.
Segundo Molins, informações obtidas de celulares e computadores do autor do ataque,Mohamed Lahouaiej-Bouhlel, mostraram que, diferentemente do que indicaram as investigações iniciais, ele não agiu sozinho, mas contou com a ajuda de cinco pessoas e passou cerca de um ano planejando a ação.
No celular de Bouhlel foram encontradas fotos de multidão tiradas durante o Dia da Bastilha em julho de 2015. Em seu Facebook, havia mensagens trocadas com os supostos cúmplices, quatro homens e uma mulher, sendo dois tunisianos, um franco-tunisiano e um casal de albaneses com nacionalidade francesa.
No dia 4 de abril, um homem tunisiano identificado como Chokri C. enviou uma mensagem para Bouhlel que dizia, “carregue o caminhão com duas mil toneladas de ferro...solte os freios, meu amigo, e eu irei assistir”.
Para outro dos suspeitos nomeados pelas autoridades francesas, o tunisiano Mohamed Oualid, Bouhlel enviou uma mensagem em janeiro de 2015, quase um ano após o ataque à redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo, em que dizia estar "feliz que trouxeram soldados de Alá para terminar o trabalho”.
De acordo com Molins, Oualid e Bouhlel se falaram 1.278 vezes entre julho de 2015 e julho de 2016.
Além disso, o procurador disse que, apesar de o Estado Islâmico ter reivindicado autoria do ataque, os investigadores ainda não conseguiram estabelecer uma ligação entre o autor — morto pela polícia na noite do ataque — e o grupo extremista.
Os cinco suspeitos devem ser acusados formalmente ainda nesta quinta-feira. Segundo Molins, a Procuradoria está considerando acusá-los de “participar de uma organização terrorista com o objetivo de preparar um ou mais crimes contra o público”.
França prorroga estado de emergência
Após um pedido feito pelo presidente francês, François Hollande, o Parlamento da França aprovou a prorrogação de seis meses do estado de emergência no país nesta quinta.
O estado de emergência havia sido decretado inicialmente após os ataques do dia 13 de novembro de 2015 em Paris, que deixaram 130 mortos, e estava previsto para acabar em 26 de julho.
A medida facilita revistas policiais e administrativas, prisão domiciliar de suspeitos e análise de dados de computadores e telefones de pessoas consideradas suspeitas pelas autoridades.