Desde 2006, após perderem mais uma eleição para o Lula, a ordem dos chefes da reação era jogar o país em crise para desestabilizar o governo e derrotar o projeto que incluía os pobres no plano de vida com um mínimo de dignidade e tornava o Brasil soberano nas relações internacionais.
A crise global de 2008 vinha a calhar. Era a oportunidade de somar à crise política, com as antecipadas condenações do mensalão, cujo processo se iniciava, uma bela crise econômica.
As organizações de comunicação, o Grupo Globo à frente, exultavam: crise, crise, crise! A reação decorrente das iniciativas de aprofundar os processos de distribuição de renda, providenciadas pelo governo federal, implicou na perceptível enorme decepção dos arautos da tragédia.
A “crise” que Lula debelou no nascedouro qualificado-a de marolinha frustrou completamente as pitonisas de araque, as mírians leitões da vida.As profecias das sibilas bem pagas, mas incompetentes, foram retomadas vigorosamente quando a operação Lava Jato gerou a crise real na economia local que nem os golpes dos governos e banqueiros americanos e europeus haviam conseguido.
A paralisação dos negócios em setores-chave da produção – indústria naval, gás e petróleo e construção civil, por exemplo – que eram atacados de modo insidioso e planejado pela Republiqueta Justiceira do Paraná, comandada pelo ex-assessor do STF, o Moro, pouco antes chegado de cursos de especialização de sabe-se lá o quê feitos no seio organizativo do reacionarismo mundial, o FBI, fez o país mergulhar, enfim, na tragédia de uma crise circunstancial encomendada pela burguesia.
Anos de campanha midiática tinham, enfim, correspondência na realidade e crescentes parcelas da população iam sendo convencidos pelo clamor acusatório e passavam a repetir que a crise econômica e a degradação moral – a agora denunciada corrupção endêmica que destruía as famílias e o país! – tinham pai e mãe: Lula e Dilma!
Todo o dia, desde então, algum dos jornais dos barões da mídia anuncia a iminente prisão do Lula, enquanto a Dilma faz as malas para deixar Brasília após a cassação golpista de que foi vítima.
E como o estúpido do Decorativo já não lhes serve, o muito conveniente movimento de antecipação das eleições sutilmente vai sendo feito bandeira nacional pelo PIG. Estranhamente, antes mesmo da apreciação dos recursos da defesa de Dilma junto ao STF e das manifestações da OEA sobre as denúncias que lhe foram apresentadas quanto a o golpe – que devem dar nada, diga-se! –, já com o apoio de defensores do projeto que elegeu Lula e Dilma!
E a Miriam Bigpig e o Merval Tailor, como outros sacripantas, que tal e qual um relógio parado que duas vezes ao dia mostra a hora certa, já podem se jactar: eu não disse?
* José Garcia Lima é integrante da direção executiva da CUT-RJ