O vídeo em que Moro, com sua voz fina e quase irritante, entrevista Eike é revelador.
Foi dele que se originou o pedido de prisão selvagem de Mantega, revogado graças à reação de cidadãos indignados com as condições em que Mantega foi capturado. Num hospital, onde sua mulher seria submetida a uma cirurgia de câncer.
Eike se diz “republicano” nas doações. Afirma compreender que, tendo acumulado tanto dinheiro, doar para partidos — variados, variadíssimos — recursos para campanha era uma forma de ajudar a democracia. (Pode rir aí que também estou rindo aqui.) A plutocracia brasileira é composta majoritariamente de gente perversa, calculista, cínica. Mas tem também seus bobos alegres, como Eike.
Mantega fez o que era amplamente praticado naqueles dias: perguntou a Eike se ele poderia quitar uma dívida de campanha com uma doação de 5 milhões de reais.
Era assim a vida. Odebrecht disse, recentemente, que doou 23 milhões de reais em para Serra na campanha deste de 2010. Pela via legal, um décimo disso. Pelo caixa dois, quase tudo. Em valores corrigidos, seriam 34 milhões de reais. No terreno das anedotas, Serra era tratado como Careca pela Odebrecht.
Serra é ministro e Mantega foi tirado de um hospital: esta é a justiça segundo Moro e a Lava Jato.
No depoimento de Eike, isto fica especialmente claro quando o PSDB é citado como beneficiário de doações. Moro ignora. O ínclito senador golpista Cristovam Buarque é igualmente citado.
Cristovam não se esqueceu de passar o píres por Eike. Mas era dinheiro santo no seu caso, naturalmente, como no de todos os outros mendicantes que não pertencessem ao PT.
O financiamento privado de campanhas está na raiz da corrupção tonitruante que tomou de assalto a política nacional. Se o PT tem uma culpa aí, foi não se ter insurgido contra essa aberração. Mas, fora o pequeno PSOL, quem fez isso?
Bem, é assim a Lava Jato.
O que é crime para uns é quase que um ato de virtude para os outros.
Isso não é justiça. É acinte.
Os brasileiros que não foram enceguecidos pela mídia têm a obrigação agora de ir às ruas com cartazes de #foraTemer.
Já.