Um amigo manda a transcrição de uma entrevista de Temer à Jovem Pan.
Temer colocou dinheiro público na mídia, e você pode esperar muitas entrevistas em retribuição.
E neste estilo: chapa mais que branca.
Vejamos.
A beleza da primeira dama foi elogiada pelo chefe da rádio. Villa gastou minutos para falar da “herança maldita” do PT.
Mas o que mais chamou minha atenção foi o próprio Temer.
Uma jornalista citou o Ibope. Cuidadosa, ela evitou dizer que apenas 13% dos brasileiros consideram Temer ótimo ou bom. Puxou por um número menos duro.
A resposta é que foi antológica. Temer disse que não liga para pesquisas. Isso mesmo: não liga.
Isso vem mesmo homem que, não faz tanto tempo assim, desencadeou uma brutal especulação sobre o impeachment de Dilma ao dizer que ela não conseguiria chegar ao fim do governo com baixos índices de popularidade.
Quer dizer: ele ligava para pesquisas quando serviam a seu propósito golpista. Deixou como que por encanto de ligar quando elas expõem sua fragilidade como governante.
Nenhum jornalista da Jovem Pan notou isso, naturalmente. A conversa seguiu alegre e amistosa como quando bons camaradas se encontram numa mesa de bar ou coisa parecida.
Temer foi adiante. Disse que ficará feliz quando receber os aplausos dos “12 milhões” de desempregados que reencontrarem ocupação no resto de seu governo.
Não se conhecia este aspecto de Temer: o de sonhador.
No mundo das coisas reais, o fato é que ele não chegará a 2018 com tamanha impopularidade.
Não será necessário sequer um vice que faça o que ele fez: puxar o tapete do chefe.
Ele cairá na mais completa, na mais inexpugnável solidão — esquecido até pelos amigos da Jovem Pan.