Se, de fato, o Governo apresentar hoje a proposta de reforma previdenciária como os jornais anunciam, teremos um barril de pólvora jogado na fogueira.
Além de tudo o que se conhecia, surgiu o “bode” de fedor insuportável.
O que exige – transcrevo a Folha – que “50 ANOS de contribuição serão necessários para obter o
benefício integral com as novas regras propostas”.
Isso significa, na prática, quase abolir a aposentadoria, considerando a duração média da vida de um brasileiro.
Mesmo começando a trabalhar aos 18 anos e se – o desemprego está aí – acumular dois anos de não-contribuição em meio século de vida laboral a idade mínima para o cidadão aposentar-se sem perdas (ao menos no momento da aposentadoria) será de 70 anos.
É o que valeria para todos os que hoje têm menos de 50 anos.
O objetivo, diz a Folha, é “gerar economia de R$ 678 bi” em dez anos. Menos da metade do que o país pagou de juros até o dia de hoje, apenas neste 2016.
É neste ralo que irá a tal economia, escancaradamente tirada dos trabalhadores, dos idosos, dos deficientes e desamparados (com a desvinculação do Benefício de Prestação Continuada do salário-mínimo).
A desfaçatez de um cidadão que se aposentou aos 55 anos, com vencimentos integrais, em propor algo assim, se não despertar a indignação nacional, não sei o que a faria aprovar.
Se o Congresso atrever-se a aprovar algo assim, não esperem que a população não reaja.
Antes mesmo que o povo saia às ruas, serão eles quem não poderão sair a elas.