Eles se acham patriotas e julgam que fazem história na luta para varrer a corrupção do país. Mas é de arrepiar ouvir o que têm a dizer sobre os problemas do país. Fora a cantilena de que o Brasil está sendo destruído pelo roubo do dinheiro público, não fazem a menor ideia dos graves problemas brasileiros relacionados à desigualdade, saúde, educação, infraestrutura, concentração fundiária, habitação, aos transportes e ao saneamento.
Claro que comungam de valores de direita e de extrema-direita e que são manipulados pelos barões da mídia. Mas são principalmente ignorantes até a medula. Todas as pesquisas feitas durante suas manifestações revelam que a grande maioria tem curso superior. A conclusão inescapável, então, é que as nossas universidades formam legiões de analfabetos políticos.
Esses homens e mulheres da elite branca que voltaram às ruas neste domingo (4/12), a bem da verdade, estavam sumidos. Sentindo-se vitoriosos depois de seu papel no golpe de estado que atirou o país nas trevas, foram cuidar de suas vidas. Vai mofar sentado quem esperar dessa turma um rasgo que seja de autocrítica e de arrependimento. O desastre absoluto do governo Temer não é com eles.
O afastamento de uma presidenta honesta por uma quadrilha não teria o condão de dar um choque de confiança na economia brasileira ? A corrupção não sofreria um duro golpe com a impeachment de Dilma ?
Hoje todos os fundamentos da economia estão no fundo do poço por obra e graça da dupla Temer-Meirelles, mas ninguém bate panela por causa disso. Os políticos que foram catapultados ao governo pela massa que não se envergonha de vestir a camisa da CBF são acusados dia sim outro também de roubalheira, mas ninguém bate panela por causa disso.
Como a verdade factual não lhes interessa, os coxinhas se agarram ao conceito da pós-verdade, uma construção fascista que se resume no seguinte : não importam os fatos, mas sim a interpretação calhorda deles feitas pela Globo, Moro e procuradores milicianos de Curitiba. A bola da vez agora é a decisão da Câmara de punir por crime de responsabilidade os abusos cometidos por juízes e procuradores.
Embora seja composta em grande maioria pela safra de parlamentares mais desqualificada da história, haja vista a noite de horrores de 17 de abril, a Câmara dos Deputados, ao analisar as medidas anticorrupção, procedeu corretamente impedindo a liquidação de garantias individuais e franquias democráticas. Moro e Dallagnol queriam acabar com o habeas-corpus, validar provas obtidas ilegalmente, premiar alcaguetes com dinheiro e fazer com que servidores passem por humilhantes "testes de integridade".
Se fossem dotados de pelos menos um pouco mais de luzes, os manifestantes de hoje saberiam que juízes e procuradores não estão acima da lei, que receber salários acima do teto constitucional também é uma modalidade de corrupção, que eles, os coxas, e seus familiares podem precisar de um habeas-corpus, da proteção da lei contra provas ilegais e de mecanismos que coíbam a atuação inescrupulosa de magistrados e membros do Ministério público.
Palmas para o senador Requião que ofereceu alfafa para os que participaram dos protestos deste domingo. Merecem.