Não espere de mim nenhum tipo de solidariedade à Folha e ao Globo pelo caso Marcela.
Os dois jornais foram impedidos pela Justiça de publicar reportagens sobre a tentativa de extorsão de um hacker que invadiu o celular de Marcela Temer.
O impedimento foi orquestrado por Michel Temer.
A razão pela qual não derramo uma única lágrima é que a Globo e a Folha contribuíram brutalmente para colocar Temer no poder.
Inventaram o Temer na versão presidencial, com o vandalismo de seu jornalismo de guerra, e agora tratem de aguentá-lo.
Se conheço os bastidores do universo das empresas jornalísticas, presumo que Temer encontrará alguma forma de agradar Folha e Globo. Mais verba publicitária é uma das possibilidades de agrado.
Temer vem fazendo seu habitual papel ridículo no episódio. A um jornalista da Folha que lhe perguntou sobre a censura, ele respondeu: “Não houve isso. Você sabe que não houve.”
Quer dizer: Temer não apenas censurou como conseguiu dizer que não houve censura. Sequer citou a palavra.
Me pergunto aqui como reagiu — se é que reagiu — o jornalista da Folha diante da resposta de Temer.
Num mundo menos imperfeito, a conversa não terminaria com a tergiversação descarada de Temer. O repórter retrucaria. Outros repórteres — havia outros jornalistas no local — questionariam também Temer como soldados da liberdade de expressão.
Mas jornalismo combativo, na República da Chalana Champagne, só existe quando o alvo dos ataques é o PT.
Quanto a Marcela, o pivô do escândalo, você sente vontade de gargalhar quando lembra uma capa recente da Veja. Nela, a revista afirmou que Marcela — pela graça e beleza — era a “aposta” de Temer para 2017 para melhorar sua imagem.
É ou não é uma piada a República da Chalana Champagne?